9 de agosto de 2025
Politica

Críticas a Moraes no STF não tiram dele maioria nas votações sobre trama golpista

Não foi boa a reação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) à decisão de Alexandre de Moraes de prender Jair Bolsonaro. Nos bastidores, a medida foi considerada desnecessária neste momento, com potencial para escalar duas crises: a do tribunal com o Congresso Nacional e a do Brasil com os Estados Unidos.

A expectativa no Supremo é que os EUA apliquem sanções com base na Lei Magnitsky a outros ministros do tribunal e também a autoridades brasileiras. A partir da prisão de Bolsonaro, ministros aguardam punições que atinjam o bolso deles, com restrições financeiras ainda maiores que as impostas a Moraes.

Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a trama golpista, em sessão da Primeira Turma do STF
Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a trama golpista, em sessão da Primeira Turma do STF

Outro impacto da prisão de Bolsonaro é o aumento da pressão política contra o tribunal às vésperas do julgamento do ex-presidente. Na visão de alguns ministros, o ideal seria Moraes ter ignorado a isca jogada pelo réu e deixá-lo em liberdade até o veredicto, previsto para setembro.

Para piorar o clima no Supremo, Moraes não avisou os colegas que mandaria prender Bolsonaro na segunda-feira, 4. Certo de que não precisaria do aval da Primeira Turma, usou a prerrogativa de relator para determinar a prisão domiciliar ao investigado por descumprimento das medidas cautelares.

Em tempo: nem todo ministro do STF concorda com a imposição da medida cautelar que proíbe Bolsonaro de usar redes sociais. A avaliação é que a regra não está prevista em lei e configura censura prévia.

Mesmo que o burburinho ecoe nos bastidores, Moraes não perdeu a maioria em julgamentos no Supremo. A aposta é que, diante de recurso da defesa, o placar seja novamente de quatro votos a um na Primeira Turma — o mesmo registrado em julho, quando o ministro impôs as medidas cautelares ao ex-presidente.

No plenário, Moraes diminuiu de tamanho, mas também não perdeu maioria. Após a sanção de Trump, seis ministros declararam apoio ao colega, embora alguns do grupo tenham ressalvas aos métodos do relator. Em contrapartida, quatro ficaram em silêncio. Neste grupo estão Kassio Nunes, André Mendonça e Luiz Fux, que já votaram contra o relator em julgamentos sobre a trama golpista. Soma-se ao trio Dias Toffoli.

Não há no STF, porém, espaço para retrocesso. Moraes não deve reavaliar a prisão de Bolsonaro, contrariando a torcida de uma ala do tribunal. Nesse cenário, a avaliação interna é que, mesmo com ressalvas à conduta de Moraes, o melhor agora é votar a favor das decisões tomadas por ele. Um movimento contrário ao relator agora enfraqueceria o Supremo como um todo na relação com a política brasileira e na crise com os EUA.

Ao mesmo tempo, Donald Trump também não vai retroceder. No tribunal, ministros não conseguem vislumbrar como termina o cabo de guerra. Mas sabem que não acaba bem.

 

 

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