Bebê, correntes e esparadrapos; veja estratégias da oposição para paralisar Câmara e Senado
Parlamentares da oposição adotaram diversas táticas nos últimos dias para tentar paralisar os trabalhos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal em meio à pressão pela aprovação do PL da Anistia e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento começou depois do magistrado decretar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL).
A deputada federal Julia Zanatta (PL-SC) levou a filha de quatro meses para o plenário na noite desta quarta-feira, 6. Em imagens, ela aparece ao lado de outros parlamentares ocupando a Mesa Diretora da Casa com o bebê no colo.

Outros deputados, como Hélio Lopes (PL-RJ) optaram por colar esparadrapos na boca e nos olhos, em uma crítica à suposta censura sofrido por bolsonaristas (veja galeria abaixo).
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PA), marcou uma sessão para às 20h30 desta quarta. Segundo o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), o presidente da Casa indicou que os deputados que o impedirem de assumir a cadeira no plenário serão suspensos por seis meses. Os bolsonaristas, contudo, dizem que vão resistir à desocupação.
A sessão não começou no horário marcado. O clima na Câmara é de tensão ante à expectativa de Motta reassumir sua cadeira na Mesa do plenário e à possibilidade, em último caso, de ação da Polícia Legislativa.
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) chegou a indicar que pediu aos parlamentares de oposição que saíssem da Mesa da Câmara, permanecendo em plenário para a obstrução, justamente ante essa possibilidade.
Por ora, somente deputados podem entrar no plenário. Enquanto isso, assessores e jornalistas aguardam a liberação de entrada no Salão Verde. Há uma indicação de que a entrada só será permitida quando a sessão for iniciada. Se a hipótese se cumprir, a desmobilização ocorreria a portas fechadas.





No Senado, Magno Malta (PL-ES), Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) se acorrentaram à Mesa utilizada para comandar as reuniões. Assim como os deputados, eles se revezaram durante a madrugada para ocupar os plenários das duas Casas e oraram com o auxílio de um pastor por chamada de vídeo. Um auditório do Senado também foi ocupado pelos bolsonaristas após rumores de que o local poderia ser utilizado para realizar a sessão plenária.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) também participou do movimento. Em algumas imagens, ele aparece descalço no plenário e utilizando a tornozeleira eletrônica, como determinado por Moraes desde que ele retornou de uma viagem não autorizada aos Estados Unidos no início da semana.
“Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento”, afirmou Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado. Ele determinou a realização de sessão remota nesta quinta-feira, às 11h.