PT e esquerda já usaram mesma estratégia dos bolsonaristas e obstruíram sessões do Congresso
RIO – A tática da obstrução usada por parlamentares da oposição para tentar paralisar os trabalhos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal não é uma novidade no Congresso Nacional. Da direita à esquerda, deputados e senadores apostam no “tumulto” para pressionar a oposição ou a situação em busca de seus interesses. O PT, por exemplo, já ocupou a Mesa Diretora das duas Casas legislativas para impedir votação da reforma trabalhista, em 2017, e em protesto contra proposta de mudança na lei do pré-sal, em 2016.
A estratégia dos deputados bolsonaristas em meio à pressão pela aprovação do PL da Anistia e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi comandada pelo “núcleo duro” dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A bancada do PL liderou a ocupação da Mesa, mas também houve a participação de parlamentares de outros partidos. A obstrução foi desarticulada após a ameaça de Motta de suspender por seis meses os mandatos dos ocupantes da Mesa.
Em 2017, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) sentou na Mesa do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para retardar a tramitação da reforma trabalhista. Com cartazes contra pontos do projeto, deputados de PT, PCdoB e PSOL subiram à Mesa do plenário e conseguiram interromper a leitura do relatório do então deputado Rogério Marinho (PSDB-RN).

Após alguns minutos da manifestação, a leitura do parecer foi retomada sob protestos da oposição, interrompida algumas vezes por gritos de “Fora Temer”.
Nesta terça-feira, 5, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou a ocupação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado por parlamentares bolsonaristas como um “AI-5 parlamentar”.
“A oposição tem todo direito de fazer obstrução. É direito regimental. Agora, ocupar, na marra, as Mesas do Senado e da Câmara é fazer a mesma coisa que os vândalos do 8 de Janeiro fizeram. É agredir uma instituição democrática do Brasil. Impedir seu funcionamento, por meio da violência, é uma espécie de AI-5 parlamentar. A democracia brasileira está sob ataque!”, escreveu o deputado nas redes sociais.
A mesma manobra também foi utilizada por senadoras do PT em 2017, durante o governo de Michel Temer, em outro episódio de obstrução para protestar contra a votação da reforma trabalhista. A hoje ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, quando era senadora e fazia oposição ao governo Temer, ocupou a Mesa do Senado, com o objetivo de impedir a votação da reforma.
Na ocasião, Gleisi e senadoras Regina Souza (PT-PI), Fátima Bezerra (PT-RN) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) ficaram mais de seis horas interditando os trabalhos. O então presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), chegou a cortar a luz. No fim, a reforma combatida pela oposição foi aprovada.

Em 2018, deputados do PT e partidos de esquerda paralisaram os trabalhos no plenário da Câmara em apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então preso em Curitiba. Carregando cartazes com os dizeres “Lula Livre”, os deputados entraram em conjunto no plenário gritando “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Os partidos chegaram a anunciar que fariam obstrução total aos trabalhos na Câmara. O movimento foi liderado pelo PT e contou com o apoio do PSOL, PCdoB, PDT e PSB.
