Motta diz que providências serão tomadas sobre a possibilidade de suspender deputados bolsonaristas
BRASÍLIA – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou tomará providências até o final desta quinta-feira, 7, em relação aos deputados que ocuparam o plenário e obstruíram os trabalhos na Casa por mais de 30h.
“Providências serão tomadas até o final do dia de hoje”, disse ao ser questionado se havia desistido de aplicar um ato com punições de suspensão de mandatos por 180 dias.
Ao chegar à Câmara no dia seguinte à desmobilização dos deputados da oposição que faziam obstrução física das sessões legislativas, Motta afirmou que o “diálogo prevaleceu”. “Vamos trazer de volta o ambiente do debate, da discordância, da defesa das ideias e, a partir daí, deixar o Parlamento funcionar da maneira mais institucional possível”, disse.

O presidente da Câmara negou que tenha garantido contrapartidas para convencer a oposição a desistir da ocupação do plenário. “A presidência da Câmara é inegociável. Eu quero que isso fique bem claro”, afirmou. “A negociação feita por esta presidência para que os trabalhos fossem retomados não está vinculada a nenhuma pauta”, enfatizou.
Motta acrescentou: “O presidente da Câmara não negocia as suas prerrogativas. Nem com a oposição, nem com o governo, nem com absolutamente ninguém”.
Ao ser perguntado se pediu ajuda do antecessor no cargo, Arthur Lira (PP-AL), Motta disse que o parlamentar participou das negociações como os outros líderes de bancadas. “O presidente Arthur Lira é um amigo, é uma pessoa que tem colaborado muito com o País”, afirmou.
“É natural que, em momentos de tensão, todos aqueles que querem o bem da Casa se unam para construir as soluções para os problemas”, continuou. “O presidente Arthur participou de alguns diálogos ontem, já quando chegamos aqui na Câmara, como todos os líderes participaram. Então, é natural que todos possam colaborar em momentos como aqueles que nós vivemos nos últimos dias.”
Na noite desta quarta-feira, 6, após dois dias de obstrução protagonizada pela oposição, Motta retomou a cadeira para abrir a sessão plenária. Deputados da oposição vinham interditando a Mesa do plenário da Câmara desde o início da semana como protesto à decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Houve resistência por parte dos bolsonaristas que, inicialmente, não queiram deixar o presidente iniciar os trabalhos. A sessão foi iniciada e encerrada após discurso do presidente da Câmara com um recado aos oposicionistas: “o País deve estar em primeiro lugar, e não projetos pessoais”.
A oposição adotou diversas táticas para ocupar as mesas da Câmara e do Senado em protesto à prisão domiciliar de Bolsonaro. Os deputados usaram esparadrapos para cobrir a boca e os olhos e a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) levou a filha de quatro meses para o plenário e sentou na cadeira de Motta com a bebê ao longo do dia. Na Casa Alta, alguns senadores chegaram a se acorrentar à mesa utilizada para comandar os trabalhos.