Quem é o integrante do governo Trump que chamou Moraes de ‘tóxico’? Veja
Desde janeiro, o diplomata veterano Michael Kozak é alto funcionário do Departamento de Estado americano responsável pela diplomacia no Hemisfério Ocidental. Foi das redes sociais do departamento que partiu uma nota nesta segunda-feira, 18, chamando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de “tóxico”.
A acusação veio em reação à decisão do ministro Flávio Dino, que abriu brecha para que Moraes recorra ao próprio STF contra sanções aplicadas a ele pelo governo dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky.

O tom duro da nota é característica apontada pela imprensa internacional sobre o jeito que Kozak já atuou em outras ocasiões. Em 2019, quando ocupou o atual cargo pela primeira vez no primeiro governo de Donald Trump, a agência de notícias Associated Press o descreveu como “fervoroso defensor dos direitos humanos” e afirmou que sua indicação sugeria que os americanos manteriam “linha dura” contra a Venezuela socialista. Naquele ano, ele foi “vice” enviado especial dos EUA para a Venezuela e responsável pela política americana frente à ditadura de Nicolás Maduro.
A carreira diplomática do americano de 78 anos inclui cargos de alto escalão, além de negociações internacionais históricas como os Tratados do Canal do Panamá durante os governos de Richard Nixon, Gerald Ford e Jimmy Carter.
A imprensa panamenha se refere ao americano como um “zorro viejo” ou “falcão”, que conhece bem o país e ajudou a estabelecer o governo após a invasão americana de 1989, sob o governo de George W. Bush, cujo objetivo era derrubar o ditador Manuel Noriega.
Kozak também serviu como embaixador na Bielorrússia nos anos 2000, foi chefe de missão americana em Havana, Cuba, na segunda década de 90 e antes passou três anos como negociador especial no Haiti, segundo sua biografia oficial no site do governo americano.
Como mostrou a BBC Brasil em fevereiro deste ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se reuniu com Kozak no dia em que discursou no CPAC, em Washington. A reunião provocou um atraso em sua participação na Cúpula Conservadora, mas quando chegou ao palco do evento, Eduardo usou a maior parte do tempo para criticar Moraes e pedir orações ao seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O conteúdo da reunião nem sua previsão na agenda do alto funcionário foram divulgadas na ocasião. No dia anterior, 19 de fevereiro, a empresa Trump Media, de Trump, e a plataforma de vídeos Rumble entraram com ação contra Moraes por supostamente violar a soberania americana.