21 de agosto de 2025
Politica

O eleitorado é de centro direita, mas como conquistar a vantagem decisiva?

O grande jantar em Brasília na última terça-feira talvez acabe valendo como a data formal para uma “largada” dos grupos de centro e centro direita para as eleições de 2026. Afinal, quem podia ser considerado presidenciável por esse largo espectro compareceu (menos alguém com sobrenome Bolsonaro), além dos caciques de pelo menos 6 partidos.

Daí para se falar de uma estratégia comum é hoje apenas desejo. Ficou explicitada a existência de pelo menos duas grandes linhas de ação, mutuamente excludentes. Ou esse grande espectro vai para o embate com Lula carregando apenas um nome “de união”, ou vai cada grupo de centro-direita com seu nome e tentaremos ser unidos e felizes num segundo turno.

O que está por detrás dessa questão é muito negativo do ponto de vista dessas forças políticas que, apoiadas em convincentes dados empíricos, entendem que uma confortável maioria nacional do eleitorado é de centro direita. O fato é que não há nesse amplo espectro nada remotamente parecido a uma “direção central”, “instância única de coordenação” ou como se queira chamar a pessoa ou grupo capaz de dar sentido e direção ao projeto de derrotar o atual governo.

Jantar que reunião os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Mauro Mendes (Mato Grosso), ACM Neto, prefeito de Salvador (BA), Cláudio Castro, governador do Rio
Jantar que reunião os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Mauro Mendes (Mato Grosso), ACM Neto, prefeito de Salvador (BA), Cláudio Castro, governador do Rio

No ajuntamento de nomes e siglas nesse jantar estavam tanto os que professam lealdade canina ao clã Bolsonaro como os que tratam Jair Bolsonaro como bandido. O que parece tornar essa “convivência” provável é um fato a respeito do qual os governadores presidenciáveis (que julgam não poder prescindir do beneplácito do clã) não falam em “on”: está diminuindo sensivelmente a capacidade do ex-presidente de ditar rumos e coroar sucessor.

Isto tem ligação direta com o grande fato inédito na política brasileira, que é o componente internacional da crise doméstica. Como era muito fácil de se prever, a conduta do bolsonarismo raiz de buscar em Trump a ajuda decisiva para livrar seu líder da cadeia dividiu a direita, prejudicou seus candidatos, deu a Lula ares de “estadista”, forneceu um inimigo externo e não livrará Bolsonaro da condenação.

Pela primeira vez paira sobre uma grande eleição relevante acontecimento externo, que é a gravíssima e inédita crise com os Estados Unidos. Ela expôs um Brasil pequeno, vulnerável, isolado, anestesiado pela ideia de que o mundo lá fora não nos afeta, confortável com a noção de que nossa condição de super potência na produção de alimentos garantiria uma existência sem sobressaltos.

O que vai exigir do que se convencionou chamar de “centro direita” algo mais do que simplesmente pregar no governo a culpa pelo tarifaço, por exemplo. É fácil criticar o Lula 3 pela ausência de um “projeto” (além de ficar no poder), mas qual seria o de “direita” para um País que não conseguiu até aqui resposta para o desafio representado por Trump.

Ser o melhor amigo dele?

 

 

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