21 de agosto de 2025
Politica

Advogado de general réu no STF nega ter enviado documentos da defesa a Bolsonaro

O advogado Marcus Vinicius de Camargo Figueiredo, defensor do general da reserva Mário Fernandes, negou nesta quinta-feira, 21, ter enviado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) documentos preparatórios da defesa do militar réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Figueiredo disse à Coluna do Estadão que repassou arquivos do caso para um “universo de pessoas”. O general assumiu a autoria de um plano para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Na quarta-feira, 20, a Polícia Federal (PF) apontou que Bolsonaro teve acesso prévio à defesa do general e violou medidas cautelares do STF ao manter contato com outro investigado. A corporação indiciou Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático.

“Isso é um absurdo. Não mandei arquivo para o ex-presidente. Tanto é verdade que a própria polícia não sabe nem quem mandou. Ainda que pudesse ser verdade, não configura nenhum ilícito. É triste”, afirmou o advogado à Coluna. O general Mário Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência na gestão Bolsonaro.

Figueiredo disse ainda que compartilhou documentos da defesa do general até com pessoas de outras cidades. “Eu mandei essa defesa para um universo de pessoas, antes e depois do protocolo. Para um universo de advogados, alunos de direito, familiares, amigos, daqui de Brasília e fora de Brasília”.

Então presidente Jair Bolsonaro e general Mario Fernandes
Então presidente Jair Bolsonaro e general Mario Fernandes

Celular de Bolsonaro tinha dois documentos prévios da defesa de general, diz PF

A corporação encontrou dois arquivos de texto salvos no celular do ex-presidente antes que as peças fossem assinadas e protocoladas no STF. Um foi produzido pelo usuário “Marcus”, referência “provável” ao advogado do general, segundo o relatório da PF.

“A submissão prévia de documentos contendo teses de defesa do réu Mário Fernandes ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro revela a continuidade, mesmo após as medidas cautelares determinadas pelo juízo, da estrutura hierárquica e do vínculo subjetivo entre os investigados”, afirmou a Polícia Federal.

General assumiu autoria de plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Em depoimento ao Supremo em julho, o general Mário Fernandes disse que o “Plano Punhal Verde e Amarelo”, apontado pela Procuradoria-Geral da República e PF como plano para assassinar autoridades, era um “pensamento digitalizado” e não foi compartilhado com ninguém.

“Esse arquivo digital, que retrata um pensamento meu que foi digitalizado, é um estudo de situação. Uma análise de riscos que fiz e, por costume próprio, resolvi digitalizar. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém”, afirmou o general.

Segundo a denúncia, o militar da reserva imprimiu o documento no Palácio do Planalto e no dia seguinte foi ao Palácio da Alvorada, onde morava o então presidente Bolsonaro. Ainda de acordo com a acusação, Fernandes imprimiu no Planalto um documento que previa a criação de um “Gabinete de Crise”, que seria criado após um golpe de Estado no País.

Em documento enviado ao STF após o depoimento, a defesa do general disse que Fernandes “não confessou plano de matar ninguém” e tampouco compartilhou o documento “Punhal Verde e Amarelo” com outros acusados.

 

 

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