O imperialista Trump será o próximo a trocar Bolsonaro por Tarcísio no ‘quintal dos EUA’
De festa em festa, de discurso em discurso e de pesquisa em pesquisa, o governador Tarcísio Gomes de Freitas vai se afirmando como candidato da direita em 2026 e abre uma dúvida curiosa: até quando Donald Trump vai se preocupar com Jair Bolsonaro, inelegível, em prisão domiciliar, prestes a ser condenado pelo STF e isolando-se politicamente?
Com visão imperialista e personalidade autocentrada, Trump ataca o governo Lula, o Supremo, as empresas e os empregos brasileiros para exigir o impraticável e fora de propósito fim do processo contra Bolsonaro. Mas é isso mesmo que está por trás de tanto ódio e ataque ao Brasil? Será que Trump está tão preocupado com um ex-presidente que foi péssimo militar, político inexpressivo, derrotado em 2022 e está cara a cara com as grades?

A resposta tende a ser não. Bolsonaro é só um pretexto. Os movimentos de Trump na América Latina, a começar da nomeação do cidadão de origem cubana Marco Rubio para o poderoso Departamento de Estado, o “Itamaraty dos EUA”, mostram que, se o Cone Sul estava fora do radar de Washington havia tempos, não está mais. E, quando se fala em Cone Sul, fala-se obrigatoriamente de Brasil, a potência regional, principal economia, maior território, maior população.
Trump não desloca navios de guerra para a Venezuela por dar tanta bola assim para o ridículo Nicolás Maduro. Não se aproxima da Argentina porque acha Javier Milei o gênio da economia de direita. Não abre os cofres para o Paraguai pela simpatia de Santiago Peña. Não se aproxima de El Salvador, Equador, Guiana e Peru, e não comemora a derrota dos socialistas na Bolívia, à toa. Assim como… não avança vorazmente sobre o Brasil só para defender Bolsonaro. Essas são apenas peças para o controle das Américas e do “quintal dos EUA”.
Assim que Bolsonaro for efetivamente preso, caso condenado pelo Supremo, perderá importância para Trump. Rei morto, rei posto. E o novo rei que emerge na direita brasileira é Tarcísio, que tem o governo de São Paulo, o mundo financeiro, empresarial e do agronegócio, selou uma aliança estratégica com os demais governadores de direita, assanhados demais para perder tempo com o fim de linha de Bolsonaro, e avança sobre evangélicos, cantores e ídolos populares. O que interessa não é Bolsonaro, é o eleitorado bolsonarista.
Detalhe curioso: Marcos Pereira, presidente do partido de Tarcísio, o Republicanos, e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, foi o primeiro líder do Centrão a descartar a anistia para Bolsonaro e os vândalos de 8/1. Em entrevista à nossa Rádio Eldorado, deu a senha, ao dizer que, como advogado, jurista, considerava que não há anistia prévia, antes de condenação. Para bom entendedor de política, basta.
Quanto mais Bolsonaro míngua e se isola, mais Tarcísio cresce e aparece. E é xingado por Silas Malafaia, atrai a ira do clã Bolsonaro e sorrisos abertos do Centrão. Depois de perder tantos quilos, o risco do governador é ganhar outros tantos, com um jantar político atrás do outro, inclusive com os presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do PL, Valdemar Costa Neto, mas sem ninguém com sobrenome Bolsonaro. O grande adversário de Lula e da esquerda não é Jair, Eduardo, Flávio ou Michele, é Tarcísio. E o próximo a trocar o barco de Bolsonaro pelo de Tarcísio será Donald Trump.