Com apoio da Prefeitura, projeto com equipamentos adaptados possibilita lazer para pessoas com deficiência

Fotos: Valter Pontes/ Secom PMS
Texto: Ana Virgínia Vilalva/ Secom PMS
Apesar do tempo mais fechado no início da manhã deste domingo (24), o sol apareceu na Avenida Magalhães Neto, em Salvador, e possibilitou que pessoas com deficiência pudessem aproveitar o projeto Viver a Cidade. Com apoio da Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), a iniciativa, realizada pela Associação Meu Sorriso, disponibiliza uma série de equipamentos adaptados, como cadeiras e bicicletas, para que todos possam ter um momento de lazer e atividade física ao ar livre.
A atividade é voltada para pessoas cegas ou com baixa visão, baixo equilíbrio, paralisia cerebral, deficiências intelectuais, deficiência física, membro amputado, nanismo, entre muitos outros. Todos os equipamentos adaptados são disponibilizados gratuitamente, juntamente com o apoio técnico de colaboradores e voluntários. O projeto está sendo viabilizado pela Prefeitura de Salvador, por meio do programa Viva Esporte.
Para a diretora de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência da Sempre, Daiane Pina, o projeto é fundamental para promover inclusão. “Temos essa prática esportiva adaptada, apoiada pela Sempre, através do Viva Esporte, da Lei do Esporte. Sem esses equipamentos, muitas dessas crianças não poderiam estar aqui, aproveitando a cidade ou praticando esportes. Então, é uma iniciativa maravilhosa, um projeto com mais de dez anos e que contempla todas as pessoas com deficiência, sem exceção”, declarou.
O presidente e idealizador do projeto, Fred Matos, afirma que o projeto conta com diversos equipamentos adaptados. “A Sempre viabiliza que a gente possa ter uma equipe, fazer manutenção dos equipamentos, que essa estrutura esteja aqui e seja viável e com essa frequência. Esse projeto surgiu da minha necessidade de pertencer à cidade com minha filha, então fiz um primeiro equipamento, um triciclo, com um grupo de amigos, e agora consigo passear na orla com ela. São espaços que ela não pertenceria se não tivesse o equipamento e, hoje, nós pertencemos”, salientou.
Matos avalia que o evento está numa crescente a cada domingo. “As pessoas estão descobrindo o Viver a Cidade. A primeira edição teve muito sol, na segunda choveu, mas tivemos um público interessante, e hoje o clima está gostoso. Com a mudança das estações, teremos mais pessoas aderindo e usando equipamentos como a hand bike, o triciclo, o triciclo assistido, e a gente vai conseguir difundir isso mais”, afirmou.
Moradora de São Cristóvão, a dona de casa Ivanilda da Silva, de 46 anos, estava acompanhada da filha Isabelle, de oito anos. “Para mim é uma grande alegria e oportunidade que nós estamos tendo. Eu tive conhecimento agora, é a primeira vez e estou amando. As minhas amigas também, porque a gente vê a acessibilidade, o acolhimento e o cuidado, dando oportunidade às famílias das pessoas com deficiência. Que outros eventos como esse aconteçam para trazer nossas crianças e reunir as famílias”, disse.
A pequena Isabelle tem Síndrome de Down e, depois de andar uma vez na bicicleta, já estava pedindo para ir outras vezes. “Eu gostei muito, e vou brincar de novo, o dia todo se deixar. Todos os meus amigos aproveitaram e eu mais ainda”, contou, animada.
Aos 42 anos e com nanismo, o participante e voluntário do evento Ítalo Sherlock avalia de forma positiva o projeto. “Fui convidado por Fred e gostei muito. Nem sempre temos esse lazer em grandes metrópoles, e o projeto pensou justamente nisso. Fred se inspirou na filha e abraçou mais e mais pessoas que agora têm oportunidade de lazer com bikes, atividades esportivas. É maravilhoso”, declarou.
Aos 16 anos, o jovem Guilherme da Silva Gomes, morador do Novo Marotinho, curtiu bastante a bike adaptada. Com deficiência nas pernas, ele afirmou que foi uma oportunidade de mostrar que tem capacidade e que pode ter um lazer. “Eu acho isso ótimo, o lazer e esporte dão uma chance de mudar uma vida e a saúde. O esporte cura”, afirmou.
Calendário – O projeto tem datas previstas até maio do ano que vem, sempre aos domingos. A inscrição para acessar o equipamento é feita na hora e é possível fazer uso por até 45 minutos. O participante pode também migrar de equipamento, após esse período de utilização, caso haja disponibilidade de vaga e horário. Mais informações podem ser acessadas no perfil da organização no Instagram: @projeto.meusorriso.
No local, ficam disponíveis, em média, 16 equipamentos, a exemplo de bicicletas tandem, que são bicicletas duplas, com dois selins, e que se aplicam ao ciclismo praticado por cegos e pessoas com baixa visão, além de pessoas com síndrome de Down, paralisia cerebral mais leve e deficiências intelectuais moderadas, que, na maioria das vezes, apresentam baixo equilíbrio.
Também há cadeiras de corrida e handbikes para pessoas com deficiência física; framerunnings, para pessoas com paralisia cerebral; e triciclos assistidos. As framerunnings se aplicam a pessoas com deficiência de alto grau de perda de mobilidade, a exemplo de tetraplégicos. Além disso, o projeto dispõe de bicicletas comuns.