25 de agosto de 2025
Politica

Para continuar com algum poder, Motta acelera pauta corporativista de quem manda de fato: o Centrão

Hugo Motta, ex-presidente em atividade, quer unir a Câmara. Melhor ser ex-presidente em atividade – servindo à manipulação dos liras – que ex-presidente apenas, devolvido à condição essencial de vereador federal. Adie-se ao máximo o reencontro com a natureza. O Hugo Motta de Ciro Nogueira não quer voltar a ser Hugo Motta somente. Não tão depressa.

Recorrerá para tanto a uma pauta corporativista – corporativista sendo a razão de seu mandato à frente da casa do povo: garantir os bilhões em fundos orçamentários cuja propriedade, na forma de emendas, o Legislativo converteu em direito adquirido.

Atenção à agenda legislativa desta semana, a ser acelerada – assim se armava o horizonte ao fim da última sexta – a tramitação da PEC da Blindagem, o projeto de emenda à Constituição que propõe a exigência de que o Parlamento autorize investigações contra parlamentares. Bom jeito de unir.

Hugo Motta, presidente da Câmara, se equilibra para tentar manter algum poder após ser desafiado no comando da Casa
Hugo Motta, presidente da Câmara, se equilibra para tentar manter algum poder após ser desafiado no comando da Casa

O objetivo da rapaziada do chamado Centrão, a galera que manda para valer, não é – não prioritariamente – se defender de Alexandre de Moraes, ainda que essa fosse a intenção dos bolsonaristas no acordo para que encerrassem o sequestro do Congresso. A turma quer se proteger contra Flavio Dino.

É Dino quem os ameaça no mundo real, relator – gestor-senhor – dos inquéritos sobre as várias maneiras, também tipos de golpe, de orçamento secreto. O ministro, que opera xandonicamente, conduz investigações com aquele jeitão de permanentes – apurações que aperta e relaxa não raro em curiosa coincidência com os interesses legislativos do governo Lula. Um cronista maledicente diria que o senador togado é afinal uma espécie de tesoureiro das emendas parlamentares, cujos tempos administraria.

Não se sabe o que veio antes neste folhetim, se o ovo ou a galinha. Sabe-se que, à urgência do instrumentalizado Motta pela PEC da Blindagem, corresponderia a resposta dominical de Dino; que mandou a Polícia Federal investigar repasses de quase R$ 700 milhões em emendas Pix, dinheiros públicos privatizados a ponto de serem sacados na boca do caixa.

Será o caso de perguntar por que a emenda Pix ainda é permitida pelo tão (eventualmente) enérgico Dino, dada a inexistência de meia transparência; de meia constitucionalidade. É mesmo da ordem do esculacho à República que cerca de mil disparos nessa forma expressa de emendas não tenham plano de trabalho; grana distribuída a paróquias-prefeituras sem qualquer condicionamento a políticas públicas.

E assim nós vamos, com a perversão emenda Pix autorizada em modalidade puxadinho, com descumprimentos parciais constantes de ordens judiciais, com providências ocasionais contra os descumprimentos parciais constantes de ordens judiciais, com todas as partes exercendo-cultivando poder, com o orçamento secreto ativo e se reinventando, com Flavio Dino ativo e se reinventando. E com o Brasil parado-lesado e cheio de salvadores da pátria.

 

 

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