Avanço da anistia dá fôlego para último ato bolsonarista antes da conclusão do julgamento do golpe
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltam às ruas no próximo 7 de Setembro em defesa da liberdade e da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. As manifestações ocorrem em meio ao julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe e ao avanço, no Congresso, da pauta que pode beneficiar os réus da trama.
Com o lema “Reaja Brasil: o medo acabou”, a mobilização será descentralizada nas capitais pela manhã e concentrada, à tarde, em um ato na Avenida Paulista, em São Paulo. Para aliados, o avanço das negociações pela anistia na Câmara deu novo fôlego aos atos, que agora miram ampliar o alcance da proposta para incluir o ex-presidente, os réus da ação penal e os condenados pelo 8 de Janeiro.

Em prisão domiciliar, Bolsonaro ficará de fora das manifestações pela segunda vez. No último mês, o ex-presidente não pôde participar devido às medidas cautelares impostas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que determinava recolhimento domiciliar aos finais de semana.
Aliados que visitaram Bolsonaro durante o período relataram preocupação do ex-presidente com a mobilização do público, que chegou a 37,6 mil apoiadores, segundo estimativa do Monitor do Debate Público do Meio Digital, do Cebrap e da Universidade de São Paulo (USP).
Ao contrário do último ato na Avenida Paulista, marcado pela ausência de governadores de direita, a manifestação de domingo contará com a presença dos principais chefes do Executivo aliados do ex-presidente. Dessa vez, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que passou por um procedimento médico no dia do evento anterior, estará presente e deverá discursar aos apoiadores. Durante a semana, ele esteve em Brasília articulando o avanço da anistia no Congresso. Como mostrou o Estadão, Tarcísio defende que a anistia seja ampla, incluindo Bolsonaro.
Para o pastor Silas Malafaia, o ato servirá para defender a ampliação do texto e incluir o ex-presidente entre os beneficiados. Segundo ele, a limitação do escopo da anistia “é pura perseguição política e narrativa para pressionar parlamentares”.
“Não há combinação de discurso, nunca houve. Isso aí cada um fala o que quer, porque é maior de idade, cada um é responsável pelo que fala. Mas vai se falar em anistia geral para todos e sobre esse inquérito, ou melhor, um teatro que já está condenando o Bolsonaro”, afirmou Malafaia.
O próprio Malafaia, no entanto, também é alvo de investigação. Ele é alvo de inquérito que apura uma suposta articulação com Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para coagir o Supremo por meio de autoridades americanas, na tentativa de interferir na ação penal do golpe.
Além de Tarcísio, também estarão presentes os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). Já o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), afirmou ao Estadão que não comparecerá ao ato, e que cumprirá agenda em Curitiba. Desta vez, a mobilização em São Paulo contará com o discurso da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que esteve em Belém, região onde articula palanques para as eleições de 2026.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que participará do ato no Rio de Janeiro, e não confirmou presença na manifestação em São Paulo. Os vereadores Carlos Bolsonaro (PL), do Rio, e Jair Renan (PL), de Balneário Camboriú, também não responderam se irão ao ato na capital paulista.
Apesar de avaliarem que a dispersão dos atos diminuirá o número de políticos em São Paulo, bolsonaristas acreditam que a manifestação em meio ao julgamento do ex-presidente ampliará a mobilização dos apoiadores.
Nesta semana, o Supremo deu início ao julgamento do núcleo central da trama golpista de 8 de Janeiro. As primeiras sessões foram dedicadas à leitura do relatório de Moraes, das acusações do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e às sustentações orais das defesas dos réus.
Ao todo, a Corte reservou oito sessões para o julgamento. Na semana seguinte ao 7 de Setembro, os ministros da Primeira Turma apresentarão seus votos, e o resultado deve ser proclamado no dia 12.
Parlamentares do PL participarão das mobilizações em seus redutos pela manhã e seguirão para São Paulo à tarde. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) estará em Goiânia antes de viajar para a capital paulista, enquanto Nikolas Ferreira (PL-MG) sairá de Belo Horizonte. Já o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), participará de ato no Rio de Janeiro antes de se juntar à manifestação na Avenida Paulista. O senador Rogério Marinho (PL-RN) também confirmou presença em São Paulo.
Os deputados federais paulistas Paulo Bilynskyj (PL-SP) e o pastor Marco Feliciano (PL-SP), assim como outras lideranças locais, como o prefeito e o vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Coronel Mello Araújo (PL), e os vereadores Adrilles Jorge (União Brasil) e Zoe Martínez (PL), subirão no trio elétrico. Também é esperada a presença do ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten.
Operação especial por ato da esquerda
A Polícia Militar montou uma operação especial para o 7 de Setembro. Isso porque a esquerda também fará um ato organizado pelas centrais sindicais e os movimentos populares que compõem as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que acontecerá na Praça da República, no centro de São Paulo, às 9h.
Com mote em defesa da soberania e da pauta da classe trabalhadora, o ato contará com a presença do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Em nota, a Polícia Militar informou que serão empenhados efetivos do Comando de Policiamento da Região Central, incluindo Força Tática, Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas, policiamento a pé e Batalhão de Ações Especiais de Polícia. Haverá apoio especializado do policiamento de trânsito e o apoio do 3º Batalhão de Choque (Controle de Multidões), GATE, Canil, helicópteros Águia do Comando de Aviação e equipes do Corpo de Bombeiros.