10 de setembro de 2025
Politica

Planalto monta operação para impedir avanço da anistia a Bolsonaro e Motta tenta projeto alternativo

BRASÍLIA – A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, cobrou nesta segunda-feira, 8, de ministros do Centrão e de outros partidos que montem uma força-tarefa para impedir o avanço do projeto de lei de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a outros envolvidos na trama golpista.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou ao Palácio do Planalto que não pautará o tema enquanto o julgamento de Bolsonaro não terminar, mas o governo avalia que a pressão sobre ele vai crescer cada vez mais, de agora em diante. Para Gleisi, ministros que são deputados ou senadores devem retomar seus mandatos, caso o projeto de anistia ao ex-presidente entre em votação.

Como mostrou o Estadão, o PSD de Gilberto Kassab – secretário de Governo da administração Tarcísio de Freitas – decidiu liberar os votos de seus deputados, caso o projeto de anistia entre na pauta. As bancadas do MDB e do Republicanos na Câmara estão divididas. Já o PP e o União Brasil, os dois principais partidos do Centrão, têm maioria expressiva a favor do indulto.

Gleisi fez reunião com ministros do Centrão na véspera do julgamento de Bolsonaro
Gleisi fez reunião com ministros do Centrão na véspera do julgamento de Bolsonaro

Na disputa política, o Planalto tenta passar a mensagem de que, enquanto os bolsonaristas lutam para aprovar o perdão a golpistas, o governo tem projetos prioritários para o País que precisam ser votados no Congresso.

Nesta lista estão a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o programa Gás do Povo, que prevê distribuir botijão de gás gratuitamente a 15,5 milhões de famílias cadastradas no CadÚnico,e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança.

Motta tem conversado com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e tentará convencer aliados de Bolsonaro a construir um projeto alternativo, que não contemple uma anistia ampla, geral e irrestrita.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já disse que uma proposta de indulto não passa na Casa de Salão Azul e tem falado em um projeto que trate apenas da redução de penas em casos de crimes influenciados por multidão. Para Alcolumbre, este seria sido o caso de muitos condenados pelos atos de vandalismo do 8 de Janeiro de 2023.

O argumento de Motta também é o de que uma anistia ampla, mesmo se aprovada, seria uma vitória de Pirro para a oposição, pois acabaria derrubada pelo STF por inconstitucionalidade.

A Primeira Turma da Corte retoma nesta terça-feira, 9, o julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe. A condenação de Bolsonaro é dada como “precificada” por interlocutores dos magistrados, mas ainda há dúvidas sobre o tamanho da pena.

“Se não for um projeto de anistia de verdade, nós não temos interesse”, disse ao Estadão o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), um dos idealizadores da proposta que beneficia Bolsonaro e o torna elegível no ano que vem.

As cúpulas do PP e do União Brasil, que formaram uma federação, decidiram deixar a equipe de Lula e querem que Bolsonaro apoie uma candidatura do governador Tarcísio ao Planalto. No ato de 7 de Setembro, Tarcísio elevou o tom ao chamar o ministro do STF Alexandre de Moraes de ditador e tirano.

Ministros do Centrão, no entanto, resistem a deixar os cargos. Gleisi reafirmou na reunião desta segunda-feira que quem permanecer no governo, terá de ajudar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a aprovar seus projetos. Isso inclui barrar a proposta de anistia.

No diagnóstico do Planalto, a oposição tentará pressionar Motta na semana decisiva do julgamento de Bolsonaro, após ter conseguido pôr mais gente na rua do que os aliados de Lula nas manifestações do 7 de Setembro. Além disso, para aliados do presidente, Tarcísio pagou todos os “pedágios” que os bolsonaristas esperavam dele naquele ato ao elevar o tom e chamar o ministro do STF Alexandre de Moraes de ditador e tirano.

De qualquer forma, embora bolsonaristas tenha mobilizado mais pessoas no 7 de Setembro, o governo comemorou o “tiro no pé” dado por apoiadores do ex-presidente que estenderem a bandeira dos Estados Unidos no ato da Avenida Paulista.

 

 

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