11 de setembro de 2025
Politica

Tarcísio voltará a Brasília para fazer campanha por anistia a Bolsonaro após julgamento do STF

BRASÍLIA – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), retornará a Brasília na próxima semana para fazer novas articulações políticas pela votação do projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Tarcísio só espera o fim do julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus da trama golpista pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para retomar a campanha pelo perdão amplo, geral e irrestrito ao ex-presidente e àqueles que participaram dos atos do 8 de Janeiro.

Apoiado pelo Centrão, que quer lançá-lo candidato à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, o governador se movimenta para receber a bênção de Bolsonaro. Tarcísio disse a aliados, como o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que pretende desembarcar em Brasília na semana que vem.

O voto do ministro do STF Luiz Fux, nesta quarta, 10, animou os aliados do ex-presidente e deu impulso aos defensores da anistia.

Vestindo o figurino de antagonista de Alexandre de Moraes, relator do processo, e contrário aos argumentos usados pelo ministro Flávio Dino, Fux não só votou pela absolvição de Bolsonaro por organização criminosa como se posicionou a favor da nulidade de toda a ação penal.

Embora se saiba que a divergência aberta por Fux na Corte deverá ficar apenas no seu voto, o governador de São Paulo considerou, a portas fechadas, que o posicionamento do magistrado foi muito importante, abrindo brecha para questionamentos do julgamento feito pela Primeira Turma do STF.

A ideia de Tarcísio é conversar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que já avisou que não pautará nenhum projeto de lei de anistia. Alcolumbre deve apresentar uma proposta alternativa, com o objetivo de reduzir as penas de pessoas condenadas por delitos de multidão.

“Esse texto do Alcolumbre é como orelha de freira, que ninguém vê”, afirmou o líder da Minoria no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). “Freira tem aquele capuz e não se consegue enxergar suas orelhas”, completou.

Marinho criticou o que chamou de “tutela” do STF sobre o Congresso. “É extremamente anormal que um debate desta relevância esteja sendo interditado supostamente pela interferência do Poder Judiciário no Poder Legislativo”, destacou.

Esse texto do Alcolumbre é como orelha de freira, que ninguém vê

Rogério Marinho (PL), líder da Minoria no Senado

Aliados de Bolsonaro dizem que recados enviados ao Congresso por magistrados como Moraes, Dino e Gilmar Mendes sobre a inconstitucionalidade do projeto de anistia têm inibido a ação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Pressionado, Motta adotou a estratégia de ganhar tempo. Não quer pautar a votação da proposta defendida pelo PL, que prevê perdão a todos os alvos do STF por atos antidemocráticos praticados desde 2019, e alega estar ouvindo todos os lados.

No ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista, Tarcísio elevou o tom e chamou Moraes de ditador. ”Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse País”, afirmou.

Em conversas reservadas, magistrados disseram que o discurso do governador, atacando o STF, fechou portas para ele. Tarcísio sempre se deu bem com ministros do STF, incluindo Moraes. Interlocutores do governador observaram que ele também pretende fazer novos acenos à Corte.

“Não é possível que não tenhamos a oportunidade de virar essa página e pacificar o País”, argumentou Marinho.

Na avaliação do Palácio do Planalto, no entanto, o voto de Fux foi um “escândalo” e contrariou suas próprias posições no julgamento de outros réus do 8 de Janeiro. Nos bastidores, ministros do PT disseram que o magistrado parecia mais um advogado de Bolsonaro.

Apesar de ter sido indicado por Dilma Rousseff, em 2011, para ocupar uma cadeira no STF, Fux é detestado por petistas por ter condenado influentes políticos do partido no escândalo do mensalão.

Dirigentes do PT não se cansam de lembrar que, quando fazia campanha para assumir o cargo, ele chegou a procurar o ex-ministro José Dirceu, réu no processo, jurando que iria “matar no peito” a denúncia de compra de votos no governo Lula.

Nesta quarta-feira, durante parte do julgamento, Moraes e a ministra Cármen Lúcia trocaram bilhetinhos e conversas ao pé do ouvido enquanto Fux falava.

Cármen deve se posicionar ao lado de Moraes, a favor da condenação de Bolsonaro como líder de uma organização criminosa na trama golpista. O veredicto final, com o tamanho das penas de cada um dos acusados, está previsto para sexta-feira, 12.

 

 

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