12 de setembro de 2025
Politica

Bastidor: Fux fica imóvel e calado em sessão permeada por piadas e recados sobre seu voto

BRASÍLIA – O dia seguinte ao voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux foi o momento de os colegas darem o troco. Após expor um acordo de bastidor e avisar em tom pouco amistoso aos colegas que não desejaria ser interrompido em seu voto de mais de 12 horas, o magistrado se viu obrigado a manter a posição exigida dos demais nesta quarta-feira, 11, numa sessão permeada por piadas e recados a ele.

Único a não pedir a palavra à ministra Cármen Lúcia para discutir aspectos técnicos do seu voto e da denúncia, Fux ficou calado e passou a maior parte do tempo olhando para baixo, manuseando papéis e com o rosto demonstrando seriedade. A postura expressava o seu isolamento no colegiado.

O ministro Luiz Fux causou desconforto nos demais ministros da Primeira Turma ao exigir silêncio em seu voto que divergiu quase integralmente dos demais.
O ministro Luiz Fux causou desconforto nos demais ministros da Primeira Turma ao exigir silêncio em seu voto que divergiu quase integralmente dos demais.

Os demais ministros, além de fazer “bate bola” com Cármen, mantiveram os olhos atentos na ministra e demonstravam postura corporal mais leve do que Fux. Às 15h42 desta quinta-feira, o ministrou deixou o plenário por cerca de cinco minutos. Naquele momento, a decana da Primeira Turma sustentava que houve violência na tentativa de golpe de Estado e que foi constituída organização criminosa para atentar contra a democracia.

Fux retornou ao plenário e puxou assunto com Dino, mas a expressão corporal de ambos demonstrava que havia discordância a respeito do assunto. Dino se arrumou na cadeira e balançou a cabeça em resposta ao colega. Esse foi o único momento de interação com algum dos colegas.

O único momento em que Fux alterou a postura corporal foi quando o ministro Alexandre de Moraes pediu a palavra para reforçar o argumento de Cármen de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou organização criminosa. Quando o relator da ação penal exibiu vídeos que exemplificavam o golpismo, Fux se colocou atento ao que passava no telão da Primeira Turma e, logo que a transmissão foi encerrado, voltou a abaixar a cabeça e manusear documentos na sua baia.

Como antecipou o Estadão, havia a expectativa entre pessoas com trânsito no STF que os demais ministros da Primeira Turma usassem a sessão de hoje para rebater o voto de Fux, uma vez que o magistrado vetou a discussão colegiada no dia anterior. Fux, no entanto, foi compelido por sua própria exigência a manter o silêncio enquanto os colegas discutiam o processo e faziam piadas entre si.

Logo no início da sessão, Cármen e Dino arrancaram risadas da plateia presente na Primeira Turma com uma interação cujo subtexto mandava recados a Fux. Dino pediu a palavra para a colega e disse que adota a estratégia do “banco de horas” em seus votos – ou seja, vota rápido para fazer diversos “apartes” nos votos dos colegas.

“Mas vai usar tudo no meu?”, questionou Cármen, provocando risos. “Não, ainda tem o do ministro Zanin”, respondeu Dino mantendo o clima descontraído a Primeira Turma.

A leveza na interação dos dois ministros contrastou com a tensão da última sessão, quando Fux fez um voto de mais de 12 horas com críticas às posições já manifestadas.

 

 

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