‘Me deixa falar’: Cármen Lúcia faz brincadeira com Moraes no julgamento de Bolsonaro; veja vídeo
Durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira, 11, em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus foram condenados pela trama golpista, a ministra Cármen Lúcia, decana da Corte, protagonizou um momento de leveza ao fazer um comentário bem-humorado direcionado aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
Enquanto apresentava seu voto, a ministra foi interrompida por Moraes, que pediu a palavra para exibir imagens que, segundo ele, contribuiriam para o julgamento.

Moraes iniciou sua intervenção cumprimentando os demais ministros e reforçando o argumento apresentado anteriormente por Cármen Lúcia sobre a existência de uma organização criminosa por trás dos atos golpistas. “Não foi um domingo no parque, não foi um passeio na Disney. Foi uma tentativa de golpe, foi uma organização criminosa”, afirmou.
O ministro destacou o uso de estruturas do Estado na articulação da tentativa de golpe. “Houve toda uma organização e a utilização da Abin, do Ministério da Defesa, do Ministério da Justiça, da Polícia Federal”, disse o relator da ação penal.
Moraes exibiu imagens relacionadas às manifestações, comandadas por Jair Bolsonaro, que se referiu ao magistrado como “canalha”. A apresentação durou cerca de 20 minutos. “A manifestação não era contra Alexandre de Moraes. O crime era contra o Estado de Direito”, afirmou.
Ao final da fala de Moraes, Cármen Lúcia brincou. “Termina, que eu ainda tenho um voto para dar”, provocando risos entre os presentes na Corte. E acrescentou: “Me deixa falar”.
O ministro exibiu imagens dos atos de 8 de Janeiro antes de encerrar sua intervenção e devolver a palavra à ministra. “Obrigada, obrigado. Prometo que não falo mais nada”, concluiu Moraes, também brincando.
Antes da intervenção de Moares, o ministro Flávio Dino havia pedido a palavra a Cármen Lúcia e bem-humorada ela respondeu. “Nós, mulheres, ficamos dois mil anos caladas, e agora queremos o direito de falar.” Em seguida, concedeu a palavra ao ministro, afirmando, em tom de brincadeira, que “gosta de uma boa prosa” e não haveria problema em ceder espaço ao colega – comentário que contrastou com a declaração feita na sessão anterior, na quarta-feira, 10, pelo ministro Luiz Fux, que havia solicitado aos demais ministros que evitassem interrompê-lo durante o voto.
Ao tomar a palavra, o ministro Flávio Dino retomou a citação feita pela ministra, do escritor francês Victor Hugo: “O mal feito para o bem continua sendo mal”. Em seguida, mencionou o caso de Charlie Kirk, ativista conservador norte-americano que morreu após ser alvejado durante uma palestra conservadora, para argumentar contra a concessão de anistias em contextos golpistas. Dino afirmou que, embora muitos associem anistia à pacificação nos Estados Unidos, sob atual governo do presidente Donald Trump, houve anistia, mas não houve paz.