17 de setembro de 2025
Politica

Tagliaferro diz que Zambelli era um dos ‘principais alvos’ de Moraes, e deputada chora na sessão

BRASÍLIA – O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro disse, em oitiva à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 17, que a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) era um dos “principais alvos” do juiz.

O depoimento fez parte do processo de cassação do mandato da parlamentar que o colegiado julga. É a terceira testemunha ouvida na CCJ sobre o caso.

“A deputada Carla Zambelli era um dos principais nomes solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes através de seus auxiliares, para que tudo que ela postasse fosse monitorado e feito relatório”, disse o ex-assessor de Moraes. “Todo e qualquer vídeo que a senhora (Zambelli) postava, isso tudo caía na mão dele (Moraes) e chegava até mim pelos juízes auxiliares e, independentemente da fala, tinha que ser relatado.”

Zambelli novamente chorou durante essa oitiva. Ela participou remotamente, porque está presa na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma, na Itália.

“Estou um pouco emocionada de estar tão agradecida de fazer isso por mim, Tagliaferro”, afirmou Zambelli, emocionada. “A coragem que você está tendo agora e do quanto você se expôs, isso eu nunca vou esquecer na minha vida. E eu vou rezar sempre por você.”

Eduardo Tagliaferro participou da oitiva de forma remota; ele está foragido na Itália.
Eduardo Tagliaferro participou da oitiva de forma remota; ele está foragido na Itália.

Na sessão, Tagliaferro disse que a Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, a qual ele chefiava durante as eleições de 2022, tinha uma atenção especial às publicações de Zambelli nas redes sociais durante o período.

Tagliaferro enviou a Diego Garcia (Republicanos-PR), relator do caso Zambelli na CCJ, menções a Zambelli que teve em aplicativos de mensagem enquanto exercia o cargo no TSE. Segundo estimativa dele, foram algo entre 150 a 200 pedidos que envolviam a parlamentar. Os documentos não foram apresentados na sessão.

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva usa o ex-assessor de Moraes como artífice para tentar derrubar denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

Ele foi à Comissão de Segurança Pública do Senado Federal no começo de setembro, enquanto o julgamento de Bolsonaro estava em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), e acusou Moraes de adulterar relatórios para justificar operação da Polícia Federal. Moraes negou e disse que todos os procedimentos foram regulares e registrados em processos judiciais.

É segunda sessão em que se ouvem testemunhas trazidas pela defesa de Zambelli. Na semana passada, participou o hacker Walter Delgatti Neto.

Delgatti – que, assim como a parlamentar licenciada, está preso – disse que a parlamentar pediu para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ordenar a prisão, bloquear os bens e decretar a quebra do sigilo bancário. Os dois trocaram acusações durante a oitiva, com Zambelli o chamando de “mitomaníaco”. Ela também chorou nesse dia.

Condenada a dez anos de prisão pela invasão ao sistema do CNJ, Zambelli passa por análise da Câmara sobre a perda do mandato. O processo está na CCJ e depois deve passar pelo plenário. Na atual fase, a comissão ouve testemunhas arroladas pela parlamentar licenciada. Foragida na Itália, Zambelli foi presa no país europeu no final de julho.

 

 

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