20 de setembro de 2025
Politica

Quem é Paulinho da Força, relator do projeto de anistia pelo 8 de Janeiro

O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP), é o relator do projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), na manhã desta quinta-feira, 18.

Paulinho da Força é uma liderança sindical e o presidente nacional do Solidariedade, e está em seu quinto mandato consecutivo na Câmara. Ao lado de Motta, ele é um dos integrantes da Casa que tem dialogado com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a anistia.

O deputado Paulinho da Força será o relator do projeto de anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro.
O deputado Paulinho da Força será o relator do projeto de anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro.

Paulo Pereira da Silva, 69 anos, é casado e tem cinco filhos. Nasceu em Porecatu, no interior do Paraná, mas se mudou para São Paulo aos 20 anos de idade, onde começou a militar no Sindicato dos Metalúrgicos. Começou a carreira político-partidária no Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980.

Em 1991, foi um dos fundadores da Força Sindical, central que reúne sindicatos de diversas categorias profissionais. Daí veio o nome “Paulinho da Força”, que passou a utilizar nas urnas. Quando se elegeu deputado pela primeira vez, em 2006, integrava o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Também foi filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Paulinho é um dos idealizadores do partido Solidariedade, fundado em 2013 a partir da coleta de 500 mil assinaturas, no contexto das manifestações de junho de 2013. Ele exerceu os últimos três mandatos na Câmara pela sigla.

O líder sindical tem um histórico com ataques tanto ao governo quanto à oposição. Em 2016, votou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Ele cantou uma música no plenário da Câmara cobrando a saída de Dilma, do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dos “vagabundos do PT”. Também apareceu com um cartaz escrito “PT, acabou a boquinha”, em que um homem aparecia com um maço de dinheiro na boca.

Nas eleições de 2022, declarou apoio a Lula. Em um evento durante a campanha, afirmou: “O Bolsonaro destruiu o Brasil. Nós precisamos juntar forças para gente fazer um novo Brasil. Por isso, Lula, a nossa confiança que você vai reconstruir o Brasil”.

Mais recentemente, o parlamentar rompeu com o governo e se aproximou cada vez mais do Centrão. Ao anunciar a escolha do deputado como relator da anistia, Motta disse ter certeza que o parlamentar “conduzirá as discussões do tema com o equilíbrio necessário”.

Os dois gravaram um vídeo, publicado nas redes sociais, em que Paulinho agradece a confiança do presidente da Casa e de líderes de partidos do Centrão e afirma: “Vou fazer de tudo para que a gente possa sair dessa história com o país pacificado”.

Em abril, o Placar da Anistia feito pelo Estadão mostrou que o deputado era contra a anistia. Ele também disse ser contrário à redução de pena aos envolvidos na tentativa de golpe.

Problemas com a Justiça

Ao longo da carreira, ele foi investigado na Operação Lava Jato e na Operação Santa Tereza, que apurou desvios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para prefeitura de município paulista e uma rede de lojas. Também foi um dos principais aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), que ficou preso durante a Lava Jato e foi cassado em 2016.

Em 2020, Paulinho da Força foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 2 meses de prisão por suposta participação nos desvios do BNDES. Em 2024, o próprio colegiado reverteu a condenação ao julgar um embargo de declaração, recurso que pede esclarecimento de pontos obscuros, omissos, ou contraditórios de uma decisão judicial.

O entendimento foi que não havia provas suficientes e que “a condenação do réu exigiria um grau de certeza não alcançado na instrução processual do presente processo”.

Já no âmbito da Lava Jato, o ministro Dias Toffoli, do STF, decidiu encerrar em fevereiro deste ano um processo contra o deputado que tramitava na Justiça Eleitoral de São Paulo. Ele e um ex-assessor eram acusados de caixa dois na campanha eleitoral de 2014, cometido a partir de repasses da antiga Odebrecht (hoje Novonor).

Dias Toffoli entendeu que a acusação era baseada em provas já anuladas pela Corte. O restante constava em delações, que, segundo o ministro, não podem ser as únicas evidências para que uma denúncia seja aceita.

 

 

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