19 de setembro de 2025
Politica

O que deputados do Centrão, do PL de Bolsonaro e oito petistas querem esconder sob o voto secreto

Uma manobra do presidente da Câmara, Hugo Motta, com aval da maioria circunstancial da casa legislativa ressuscitou o voto secreto esta semana.

A modalidade de votação em que o autor fica protegido pelo segredo tinha caído na madrugada da quarta-feira, 17, durante as votações da chamada PEC da Blindagem. No dia seguinte, Motta se juntou aos seus e remendou a proposta de emenda constitucional para por de novo o voto secreto no texto.

A ‘revotação’ de algo que já tinha caído contou com apoio maciço do PL de Jair Bolsonaro, de partidos do Centrão e de oito deputados do PT de Lula. No total foram 314 favoráveis, seis a mais do que o mínimo necessário para a aprovação.

Câmara dos Deputados durante a votação da PEC da Blindagem
Câmara dos Deputados durante a votação da PEC da Blindagem

Essa matemática simples mostra que se os oito petistas tivessem seguido a orientação do próprio partido o voto secreto teria sido enterrado. Mas não foi assim.

Petistas, centrão e bolsonaristas, todos juntos e misturados, contribuíram para pôr de pé uma ideia de um tempo que já passou.

Em 2013, a Constituição foi alterada para eliminar o voto secreto da votação mais delicada para o Congresso: a de cassação de parlamentares. Naquela época, pareceu incontestável que para expulsar um colega os demais não precisariam mais se esconder atrás do voto secreto.

No mesmo ano, também caiu o voto secreto para as votações de análise de vetos do presidente da República.

O dispositivo, aliás, existia apenas lastreado na percepção de que se um ditador pede a cabeça de um deputado ou senador, o Legislativo pode proteger o parlamentar perseguido.

Neste 2025, a versão da nova PEC cria uma disfunção: para cassar um congressista o voto é aberto. Mas para apenas autorizar que ele seja alvo de uma ação penal, da qual pode até vir a ser absolvido, optam pelo secreto.

O que essa turma quer esconder? Os do centrão têm motivo conhecido: há uma fila de gente investigada no Supremo Tribunal Federal. Os bolsonaristas imaginam uma ‘ditadura da toga’ e por isso querem proteção dos atos do STF. E os oito petistas? Ou também têm algo para se preocupar, ou escolheram o lado errado da história.

 

 

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