23 de setembro de 2025
Politica

Eduardo mostra que não há pacificação possível com acordão para encostar Jair e bancar Tarcísio

A reação do bolsonarismo eduardista ao acordão Valdemar-Temer pela anistia sem anistia – tudo em função do projeto Tarcísio presidente – era previsível e tem a agressividade derivada da leitura de que Jair Bolsonaro o aceitara. Faltava combinar com os russos…

Os russos, que impuseram a “anistia ampla, geral e irrestrita” como bandeira única da direita brasileira e que colhem a toxidade da associação à PEC da Blindagem, consideram que o ex-presidente é vítima de chantagens ministradas por “até seus aliados mais próximos”. Traição light.

Paulinho da Dosimetria, outrora da Força, foi designado, indicado por Hugo Motta (cujo tutor é Ciro Nogueira, um dos “aliados mais próximos” de Jair), para materializar a superação a Bolsonaro – aos Bolsonaro: uma proposta, que teria aval do Supremo, para redução de penas, que beneficiaria marginalmente o ex-presidente, e que o manteria inelegível. A proposta se pode negociar, a revisão das punições para cada tipo penal; a inelegibilidade, não.

Eduardo Bolsonaro deixou claro que não tem interesse em acordo que possa favorecer Tarcísio para 2026
Eduardo Bolsonaro deixou claro que não tem interesse em acordo que possa favorecer Tarcísio para 2026

O programa encostaria Jair – mais ou menos preso – e o reduziria à condição de torcedor passivo pelo sucesso eleitoral do governador de São Paulo. Eduardo Bolsonaro chama esse trato de “indecoroso e infame”. Não aceitará arranjo que, em troca de uma expectativa de indulto, degredaria a família até 2027; e isso no caso de o “pacto republicano” conseguir eleger Tarcísio de Freitas. Faltaria ainda combinar com o eleitor.

O “pacto republicano” de Michel Temer – com o tal centrão, com o STF (esse agente político) e até com o governo Lula – faria de Tarcísio, que se pretende como o candidato de Bolsonaro, ao mesmo tempo o candidato-desafiante do sistema. Conta difícil de fechar.

Perguntado pela Folha sobre se Eduardo Bolsonaro apoiaria um candidato indicado pelo pai, Valdemar Costa Neto disse que sim – “ele tem que obedecer” – e avançou, sobre a hipótese de o deputado sair do PL e concorrer à Presidência: “Não acredito que brigue com o pai dele… Vai ajudar a matar o pai de vez?”

Matar de vez – isso pressupõe processo em andamento adiantado. A vida de Bolsonaro, segundo Valdemar, a depender de o bolsonarismo eduardista se submeter ao acordão. Não vai rolar, ora sancionada com a Lei Magnitsky a mulher de Alexandre de Moraes. Não há pacificação possível.

Eduardo também está no pós-Bolsonaro – encarnaria, claro, o pós-Bolsonaro legítimo – e explora a natureza antiestablishment do bolsonarismo: “Não abdiquei de tudo para trocar afagos mentirosos com víboras. Não lutei contra tiranos insanos para me sujeitar aos esquemas espúrios dos batedores de carteira da ocasião. Esse é o momento para resgatarmos a direita. Não para a enfiarmos nas mãos do opositor da ocasião”.

O momento para resgatar a direita – que só poderia ser resgatada do bolsonarismo – coincide com o da ausência de Jair e com a articulação por viabilizar Tarcísio. A dissidência à direita está contratada. Só não sendo certo que Eduardo a possa controlar.

 

 

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