‘Nefasta’, ‘inapropriada’, divórcio com o Congresso’: Governadores criticam PEC da Blindagem
Governadores de diversos estados se manifestaram contra a proposta de emenda constitucional intitulada PEC das Prerrogativas, mas popularizada de “PEC da Blindagem”. Entre os que se posicionaram contra o projeto estão nomes de destaque como Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais.
Como mostrou o Estadão, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou que a “PEC da Blindagem é um erro que deve ser derrubado pelo Senado”. O gestor também usou as redes sociais para expressar seu descontentamento com a proposta.
Ronaldo Caiado destacou que a PEC representa um “divórcio do Congresso Nacional com o povo brasileiro” e alertou que ela “terá consequências nefastas para a política nacional”.
Segundo ele, “é um convite para o crime organizado entrar no Congresso pela porta da frente, disputando voto nas urnas, para proteger os chefes das facções do alcance da justiça”. O governador ainda declarou esperar que “o Senado corrija o erro da Câmara e rejeite a proposta”.
A PEC da Blindagem, se for mesmo aprovada, representa o divórcio do Congresso Nacional com o povo brasileiro e terá consequências nefastas para a política nacional. Ela é um convite para o crime organizado entrar no Congresso pela porta da frente, disputando voto nas urnas, para…
— Ronaldo Caiado (@ronaldocaiado) September 18, 2025
Outros governadores também se posicionaram contra a PEC. Ratinho Júnior, já havia manifestado sua insatisfação anteriormente. Durante um evento na Associação Comercial de São Paulo, classificou a PEC como “inapropriada” e “pouco debatida, considerando a importância do assunto”.
“Se você comete um ato, obviamente tem que pagar como qualquer outro cidadão. A sociedade lutou, por muito tempo, para acabar com o foro privilegiado, e o que estamos vendo hoje é uma medida que inverte completamente essa lógica”, afirmou.
E concluiu: “Acho que foi precipitada a atitude da Câmara, a ponto de muitos parlamentares estarem hoje dizendo que votaram sem saber, de fato, o que estavam aprovando”.
Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, também se posicionou de forma crítica. Em declaração ao Estadão, afirmou estar “fechado com o Novo”, partido cujos deputados votaram contra a proposta.
“Em primeiro lugar, criou o voto secreto para salvar deputado pego em flagrante. Depois, deu foro privilegiado para dirigentes de partidos políticos, um absurdo. Por fim, travou investigações contra políticos que cometam crimes. Eu sempre defendi a anistia, critiquei e critico constantemente os abusos do STF. Mas a direita não pode cair na armadilha dessa PEC”, declarou Zema.
Diante das manifestações públicas, uma ausência chamou a atenção, a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que até o momento não se pronunciou sobre o tema.
Não apenas os governadores, mas também deputados federais já haviam demonstrado arrependimento em relação ao texto da PEC.
No último fim de semana, milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades do Brasil para protestar contra a chamada PEC da Blindagem e contra a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. A mobilização popular refletiu a insatisfação com medidas consideradas um retrocesso no combate à impunidade.