De olho na reeleição, Lula planeja levar Boulos para ministério que articula mobilizações sociais
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará mudanças na equipe quando retornar da viagem aos Estados Unidos, ainda nesta semana. De olho na campanha à reeleição, Lula pretende nomear o deputado Guilherme Boulos (PS0L-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência. O ministério cuida das articulações com os movimentos sociais e Lula avalia que o governo precisa dar mais atenção a essa área, principalmente no ano eleitoral de 2026, quando planeja disputar novo mandato.
Não é de hoje que Lula quer trocar Márcio Macêdo, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Como mostrou o Estadão em janeiro, o nome cogitado pelo presidente para ocupar esse cargo era o de Gleisi Hoffmann, então presidente do PT.

Com o deslocamento de Alexandre Padilha da Secretaria de Relações Institucionais (SRI)para o Ministério da Saúde, no entanto, Gleisi disse a Lula que gostaria de assumir aquela cadeira. A SRI é responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso. À época, o presidente afirmou a aliados que devia muito a Gleisi – coordenadora de sua campanha, em 2022, e uma das organizadoras do movimento “Lula Livre”, quando ele estava preso –e atenderia o seu pedido.
Desde então, Lula tem procurado um nome para substituir Macêdo. A informação sobre o convite a Boulos foi dada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão. Para entrar no governo, Boulos se comprometeu a não concorrer à reeleição como deputado, no ano que vem.
Na volta da viagem aos Estados Unidos, o presidente também substituirá o ministro do Turismo, Celso Sabino, que é filiado ao União Brasil. Em confronto com o Planalto, a cúpula do partido deu um ultimato para que os filiados com cargos no primeiro escalão deixassem o governo. Mas, ao menos até a Conferência do Clima (COP-30), que será realizada em novembro, Lula deverá deixar a atual secretária-executiva do Turismo, Ana Carla Machado Lopes, à frente da pasta.
Até agora, o Planalto calcula que de 18 a 20 ministros deixarão os cargos, em abril do ano que vem, para ser candidatos. A Lei Eleitoral diz que o prazo de desincompatibilização é de seis meses antes das disputas, que em 2026 serão em outubro.
É por isso que Lula quis saber de Boulos se ele não tinha intenção de concorrer a nova vaga na Câmara. O Estadão apurou que ele afirmou ao presidente preferir ir para o governo e continuar com Lula a partir de 2027, confiando na reeleição do petista.
Animado com as manifestações deste domingo no País – em protesto ao projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem –, Lula avaliou que o PT pode reconquistar as ruas, desde que cuide dos movimentos sociais.
Boulos participou do ato em São Paulo, na Avenida Paulista. Na ocasião, disse que a esquerda trabalharia contra “todos os tipos de anistia ou de redução de pena” dos condenados por tentativa de golpe. “Não tem meio-termo. Não tem anistia light, anistia raiz, anistia Nutella”, provocou o deputado, que já foi coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
A ideia do presidente é que Boulos também fique com a tarefa de cuidar das mobilizações sociais na campanha de 2026. Lula pretende convencer o deputado a se filiar ao PT para que ele dispute novamente a Prefeitura de São Paulo, em 2028. No ano passado, Boulos chegou a ir para o segundo turno, mas perdeu a eleição para o prefeito Ricardo Nunes (MDB).