25 de setembro de 2025
Politica

50 anos por Vlado

O jornalista Vladimir Herzog na época em que trabalhou no 'Estadão'
O jornalista Vladimir Herzog na época em que trabalhou no ‘Estadão’

O Instituto Vladimir Herzog e a Comissão Arns vão promover no próximo dia 25 de outubro a recriação histórica do ato inter-religioso em memória do jornalista Vladimir Herzog, na Catedral da Sé. O evento marca os 50 anos do assassinato de Vlado e homenageia também todas as vítimas da ditadura.

Será uma noite de forte simbolismo democrático, com manifestações inter-religiosas, presença de lideranças religiosas, familiares, parlamentares, autoridades e apresentações culturais – incluindo a leitura comovente de uma carta da mãe de Vlado, Zora Herzog, na voz de Fernanda Montenegro.

A acolhida começa às 19h, com o Coro Luther King.

Vlado foi torturado e morto aos 38 anos nas dependências do Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), reduto militar de inteligência e torturas do antigo II Exército em São Paulo.

O jornalista havia sido detido no dia anterior sob ‘suspeita’ de ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Na época ele trabalhava na TV Cultura.

O Exército tentou montar uma farsa e alegou que Vlado se suicidara por enforcamento na cela.

A versão oficial foi desmascarada. Ainda em 1978, o então juiz federal em São Paulo Márcio José de Moraes, em uma sentença corajosa, condenou a União a indenizar Clarice, a mulher de Herzog.

Dias depois do assassinato, foi celebrada a missa de sétimo dia por Vlado. Pelo menos oito mil pessoas, muitos jornalistas indignados e assustados, se aglomeraram na catedral e ao seu redor, sob olhares mal disfarçados e desafiadores de agentes do Dops (a Polícia Política do regime).

Para tentar conter e impedir a multidão de chegar à Sé, forças policiais fizeram barreiras em todo o centro da cidade, cordões de soldados se estenderam para intimidar amigos de Vlado. Um aparato extraordinário. Era a Operação Gutemberg, manobra em vão dos militares.

O ato na Sé foi conduzido por líderes religiosos – D. Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Wright, com o apoio do jornalista Audálio Dantas, então presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Cinco décadas depois, o novo ato inter-religioso será dedicado não apenas à memória de Herzog, mas também a todas as famílias que perderam entes queridos para a ditadura.

Manifestações serão apresentadas por Dom Odilo Pedro Scherer, da reverenda Anita Wright – filha de Jaime Wright – e do rabino Ruben Sternschein.

Performances culturais serão realizadas no interior da catedral com a exibição de vídeos.

Amigos e familiares de Vlado, parlamentares, ministros e nomes importantes do combate ao regime dos generais, como o advogado José Carlos Dias, vão ao ato.

O Instituto Vladimir Herzog também produziu um dossiê com um resumo da trajetória de Vlado, acompanhado de links para o Acervo do IVH, onde é possível acessar fotos, documentos e detalhes sobre a história do jornalista.

 

 

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