Por que Nelson Wilians é investigado e quais medidas CPI do INSS aprovou contra o advogado; entenda
A CPI do INSS aprovou na manhã desta quinta-feira, 25, um pedido de prisão preventiva do advogado Nelson Wilians, alvo de investigação da Polícia Federal (PF) sobre desvios no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
O colegiado também pediu a quebra de sigilos fiscais e bancários do advogado e o envio de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre suas movimentações financeiras entre 2019 e 2025.
Ele é sócio-fundador do escritório de advocacia Nelson Wilians Advogados (NWADV), tido como um dos maiores do País, e foi alvo de operação de busca e apreensão no último dia 12. O advogado é investigado por suposto envolvimento em transações ilícitas com empresário apontado como figura central do esquema de descontos ilícitos a aposentados, Maurício Camisotti.
Segundo a PF, o escritório teve transações financeiras suspeitas de R$ 4,3 bilhões entre 2019 e 2024. Nelson Willians nega irregularidades.
Na operação deflagrada no dia 12, foram presos Camisotti e Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Na ocasião, a PF também havia pedido a prisão preventiva de Nelson Wilians. A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com o pedido, mas o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou apenas a busca e apreensão.
Willians passou a ser investigado porque, segundo a PF, declarações públicas dele após serem veiculadas informações de transações financeiras com Maurício Camisotti o colocaram sob suspeita de que as operações tinham o objetivo de lavagem de dinheiro.
A defesa de Nelson Willians afirmou que sua relação com Camisotti “é estritamente profissional e legal” e que os valores transferidos “referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação”. A PF afirma que não há lastro para as transferências feitas e nem registro da transação de compra do terreno em cartório.
“A relação entre Nelson Williams e Maurício Camisotti revela-se além dos limites de uma mera vinculação profissional entre cliente e advogado, uma vez que Nelson Williams figura como possível beneficiário dos descontos associativos da Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos, beneficiada por descontos irregulares de aposentados), demonstrava interesse em obter informações acerca da investigação em curso e permanece efetuando repasses financeiros em favor de Maurício. Nesse cenário, apresenta-se como elo de intermediação na circulação de valores provenientes de atividades ilícitas”, diz a PF.
Na última quinta-feira, 18, o advogado Nelson Wilians compareceu à CPI na condição de testemunha. Por ter obtido um habeas corpus do ministro Nunes Marques, do STF, não foi abrigado a assumir o compromisso de falar a verdade. Ele não quis prestar o compromisso voluntariamente.
Durante o depoimento, Wilians afirmou que “abomina o que aconteceu”, que “lesar um aposentado é um crime gravíssimo” e reafirmou que “nada tem a ver com o objeto desta CPI”. Também negou conhecer o “Careca do INSS”, afirmou que usaria o seu direito de ficar em silêncio e pediu para ele fosse respeitado.
Camisotti e o “Careca do INSS” são apontados como articuladores de associações usadas para descontar parte dos pagamentos de aposentados sem o consentimento deles. Entre elas, a Ambec. A PF suspeita que a entidade, que movimentou R$ 231,3 milhões em descontos, seja controlada por “laranjas” ligados a Maurício Camisotti.