Saída de Celso Sabino do Turismo é 13ª troca no governo Lula; veja lista
Com o anúncio do pedido de demissão feito pelo ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), nesta sexta-feira, 26, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá a 13ª troca no comando de pastas.
Sabino entregou o pedido de saída do governo ao presidente após seu partido aprovar uma resolução, no último dia 18, exigindo que seus filiados deixassem o governo Lula em até 24 horas. O presidente pediu para que ele permaneça no cargo até a próxima sexta-feira, 3, para acompanhá-lo em viagem a Belém.
Somente neste terceiro ano de mandato, essa é a sexta troca na Esplanada dos Ministérios. Antes do Turismo, houve mudanças de chefia nas pastas de Previdência, Mulheres, Saúde, Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).
Nos bastidores, há previsão de outra troca no horizonte próximo. Como mostrou o Estadão, Lula pretende nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência. A pasta é responsável pelas articulações com os movimentos sociais e estratégica para aproximar o petista da sua base na campanha de 2026.
Abril de 2023 – Gonçalves Dias cai do GSI após filmagens do 8 de Janeiro

Então ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), o general Gonçalves Dias foi o primeiro da equipe do governo Lula a deixar o cargo. A saída dele ocorreu após a imprensa divulgar gravação em vídeo que mostrou Dias em uma postura passiva diante da invasão do Palácio do Planalto durante o 8 de Janeiro.
Com a crise, membros do governo aconselharam o então ministro a pedir demissão, o que foi acatado. A solicitação foi aceita por Lula.
O GSI passou então a ser chefiado interinamente por Ricardo Cappelli. Desde maio de 2023, o chefe da pasta é o general Marcos Amaro dos Santos.
Julho de 2023 – Daniela Carneiro deixa Ministério do Turismo
Em seis meses de governo, Lula fez a primeira mudança na equipe para agradar ao Centrão e buscar apoio do Congresso. Sem o prestígio do União Brasil, a deputada federal e então ministra do Turismo Daniela Carneiro foi substituída pelo deputado federal Celso Sabino (União-PA). A troca foi feita para acomodar a sigla, que se sentia subvalorizada pelo Planalto.
Setembro de 2023 – Ana Moser deixa Esporte para abrigar PP de André Fufuca

Na véspera do feriado do 7 de Setembro de 2023, Lula demitiu a então ministra dos Esportes Ana Moser em uma minirreforma ministerial que buscou trazer o PP e o Republicanos para a base governista. Moser, que não tinha trajetória política, foi substituída pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA), aliado do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Setembro de 2023 – Márcio França sai de Portos e Aeroportos e vai para Microempreendedorismo

Também na minirreforma eleitoral, Lula tirou Márcio França do Ministério dos Portos e Aeroportos e o colocou em uma pasta nova, chamada Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Quem assumiu a vaga deixada na antiga pasta de França foi Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), representante do Centrão.
Janeiro de 2024 – Ricardo Lewandowski substitui Flávio Dino na Justiça

A chegada do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça foi a primeira troca de Lula em 2024. Lewandowski substituiu o atual ministro do STF Flávio Dino, indicado pelo petista para a Corte.
Lewandowski foi alçado ao cargo por ter uma relação de confiança pessoal com Lula. Ele chegou ao STF em 2006, indicado pelo petista com apoio da então primeira-dama Marisa Letícia.
Ele foi um dos principais interlocutores de Lula no Judiciário até 2023, quando completou 75 anos e se aposentou compulsoriamente. Em 2016, como presidente do STF, presidiu o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado e foi o responsável por articular a manutenção dos direitos políticos dela.
Setembro de 2024 – Suposto assédio sexual contra ministra derruba Silvio Almeida dos Direitos Humanos

Em um dos grandes escândalos na Esplanada durante a terceira gestão de Lula, o então ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida foi demitido por suposto assédio sexual contra pessoas ligadas ao governo federal. Uma das vítimas teria sido a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A demissão de Almeida ocorreu um dia após a Me Too, ONG que atua na proteção de mulheres vítimas de violência sexual, afirmar em nota que ele foi denunciado por assédio sexual por pessoas ligadas ao Planalto. A organização omitiu o nome das denunciantes sob o argumento de que era preciso protegê-las, mas assegurou ter o consentimento das vítimas para expor o assunto.
No lugar dele, o presidente escolheu a deputada estadual do PT de Minas Gerais Macaé Evaristo.
Janeiro de 2025 – Paulo Pimenta deixa Secom após queda na popularidade de Lula

Diante da queda na popularidade, o petista decidiu demitir o então ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta. Em seu lugar, nomeou o marqueteiro Sidônio Palmeira para o cargo.
De acordo com Pimenta, o governo entraria em uma nova fase da gestão a partir de 2025, e o presidente queria um perfil diferente para chefiar a pasta. Lula julgava que o governo tinha grande número de obras e bons programas sociais, mas problemas de comunicação impediam que as entregas se convertessem em popularidade.
Março de 2025 – Nísia Trindade é trocada por Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann assume articulação
Em março, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) passaram por mudanças. Na primeira pasta, a socióloga Nísia Trindade foi demitida em meio a um fogo amigo no Executivo com críticas sobre o trabalho dela, e substituída por Alexandre Padilha, que comandava a SRI desde o início do governo.
Padilha também era alvo de críticas, principalmente de lideranças da Câmara. Ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) chegou a chamá-lo de “desafeto pessoal” e “incompetente” em uma coletiva de imprensa. Além da transferência de ministério, a solução encontrada por Lula foi nomear a deputada federal e então presidente do PT Gleisi Hoffmann para a SRI.
A indicação de Gleisi foi bem vista pelos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mas foi duramente criticada por líderes da oposição ao governo Lula. Para eles, a ida dela para a articulação indicaria uma “radicalização” devido à postura combativa da ministra.
Maio de 2025 – Carlos Lupi pede demissão da Previdência após escândalo dos desvios ilegais no INSS

Então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT) pediu demissão em 2 de maio deste ano, em meio ao escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A saída do pedetista foi a 11ª troca na Esplanada dos Ministérios desde o início da gestão, em 2023.
Quem assumiu o comando da Previdência foi Wolney Queiroz, até então o número 2 da pasta.
A investigação não mostrou participação de Lupi, mas o então ministro foi criticado por demorar a agir. Antes dele, outros três chefes de pastas do governo caíram por denúncias: Gonçalves Dias, Silvio Almeida e Juscelino Filho.
Maio de 2025 – Cida Gonçalves é substituída por Márcia Lopes no comando do Ministério das Mulheres

Três dias depois, em 5 de maio, Lula demitiu Cida Gonçalves do comando do Ministério das Mulheres e anunciou a entrada de Márcia Lopes como titular da pasta. A troca ocorreu em 5 de maio e dentro do próprio PT, já que as duas são filiadas ao partido desde os anos 80.
A saída de Cida da equipe era dada como certa desde o ano passado. A situação se agravou após denúncias de assédio moral que sofreu de integrantes da equipe, como revelou o Estadão. A Comissão de Ética Pública da Presidência, porém, arquivou as acusações.
Além de Cida, outras três ministras já tinham sido tiradas da Esplanada pelo petista. Essa foi a primeira vez, entretanto, que a cadeira deixada por uma mulher foi assumida por outra política.