27 de setembro de 2025
Politica

Bolsonarismo eduardista quer o controle da direita brasileira

Eduardo Bolsonaro desenvolve o seu pós-Bolsonaro – pós-Jair, para não haver dúvida. Pós-pai. A superação político-eleitoral do pai. A constituição desse movimento está explícita. Eduardo propõe uma dissidência bolsonarista, que se organiza em função do monopólio (desafiado?) do acesso à Casa Branca e da imposição do que se tornaria a pauta única da direita brasileira: a anistia, tão difícil de alcançar quanto eficaz em interditar a ascensão de liderança que não da família.

Não tem negócio. Jair Bolsonaro inelegível, incontornavelmente inelegível, todo mundo se organizando em função dessa inelegibilidade – e o bolsonarismo eduardista sustentando a agenda, a da anistia “ampla, geral e irrestrita”, que engessa a direita e lhe garante poder e centralidade sobre o espólio de Jair. Tem método.

“Em 2026 será Bolsonaro” – escreveu Paulo Figueiredo, a inteligência influente que formula e pauta Eduardo. Em 2026 será Bolsonaro. Não necessariamente Jair – interpreta o cronista.

O bolsonarismo eduardista considera Jair Bolsonaro um “refém”, donde impossibilitado de avaliar o cenário. Um frágil; manipulado, chantageado mesmo, para chancelar o “pacto republicano” em função de Tarcísio, encarnação da “direita permitida”. O ex-presidente seria um incapaz – é o que se comunica. Daí a proposta eduardista de superação a Jair em defesa de Jair – em proteção a Jair. O filho que, pelo pai, não obedecerá (mais) o pai. Está dito. Todo mundo quer encostar Jair – um ex-presidente passivo, a reboque, seja do bolsonarismo eduardista, seja do bolsonarismo de oportunidades de Ciro Nogueira.

Jair Bolsonaro seria refém sobretudo do bolsonarismo de oportunidades – assim denuncia o bolsonarismo eduardista. Refém de Valdemar e turma. O ex-presidente – este é o pressuposto – estaria sequestrado, homem doente, inepto para decidir. Inepto para liderar. Inepto para orientar. Qualquer pesquisa nas redes bolsonaristas ligada a Eduardo empilhará qualificações dessa natureza para o velho Jair, o verdadeiro coagido, em cuja goela querem – os aliados traidores – enfiar o acordão.

A opção Tarcísio por futuro de um Jair livre representaria jogada para “exterminar a direita” – direita aqui entendida sob o modo totalitário bolsonarista. Eduardo pretende ser candidato a presidente com ou sem o apoio do pai; e reagiu dessa maneira, em entrevista ao Metrópoles, à possibilidade de também ele não poder concorrer. Apoiaria Tarcísio? “Se eu estiver inelegível porque fui condenado pela minha atividade nos EUA, eu acho provável que os EUA não reconheçam a eleição do Brasil”.

Eduardo nos informa diariamente que o bolsonarismo eduardista, mais do que não reconhecer Tarcísio, não reconhecerá a legitimidade da eleição, a Magnitsky estacionada sobre o Brasil. Eduardo estará inelegível. Mais do que projetar candidatura, projeta a inevitabilidade da dissidência, projetada também a impossibilidade de controlá-la.

 

 

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