30 de setembro de 2025
Politica

Fachin, apenas um juiz, substitui um monocrata exibido

O cronista tem baixíssima expectativa sobre a gestão de Luiz Edson Fachin à frente do Supremo e celebra somente a certeza, a única certeza, de que o novo presidente do tribunal não cantará. Fachin não vai cantar. Já é muito. Tampouco será visto saracoteando na Sapucaí. Sai o passista credenciado Luís Roberto Barroso. Entra um juiz. Juízes erram. Errado é um juiz que derrota algo – hoje o bolsonarismo, amanhã (de novo) o petismo.

Ninguém aguentava mais ser salvo por Barroso. Custa caro. Fachin se beneficia por contraste. Não que não tenha suas relações e preferências. Nós não as conhecemos. Não lhes somos expostos. Não sendo conhecidas, mais dificilmente se expandirão. Chamam isso de discrição – o mínimo que se espera de um magistrado. Não dará entrevistas, não terá atividades empresariais, não irá a festas bancadas pela corporação (para beija-mão de advogados), nem discursará sobre a nossa miséria e como nos protegeu de nós mesmos. Já é muito.

Edson Fachin assume o lugar de Luís Roberto Barroso na presidência do Supremo Tribunal Federal
Edson Fachin assume o lugar de Luís Roberto Barroso na presidência do Supremo Tribunal Federal

Para prejuízo eventual da pauta jornalística, é possível que Fachin nem sequer tenha zap. Maravilhosa presidência. Apenas pelo comportamento. Pela postura. É menos por ele – pelo que poderá entregar – e mais por quem sucede; pelo que deixará de ocorrer. Em depoimento a Mônica Bergamo na Folha, Barroso disse que mandou a Jair Bolsonaro uma lista com bons nomes para ministro. Estivera com o presidente-eleito, para quem afirmara ser o Ministério da Educação o mais importante. O interlocutor, então, pediu-lhe sugestões. Entregou, claro.

O vaidoso poderia ter sido padrinho de ministro de Estado do governo de um golpista cujo julgamento teve vez num tribunal sob sua presidência. É natural para ele, que decerto – sempre agindo com os melhores propósitos – nunca pensou a respeito. Não faltam padrinhos ali. Normal para uma Corte que se tornou mesa de negociação-conciliação, formuladora de políticas públicas, antes de controladora de constitucionalidade.

Fachin é só um juiz – com votos ruins (e bons) restritos aos autos. Já é muito. Barroso, um monocrata exibido. Seu personalismo iluminado foi estimulante para que a vocação monocrática dos pares se impusesse e alastrasse, paraíso à institucionalização do xandonismo. Esse gênio não mais voltará à lâmpada. Donde a expectativa modestíssima para Fachin no comando do Supremo, talvez com alguma valorização do colegiado. Coisa pouca, se houver.

Não há grande margem para comedimento. Difícil imaginar que venha o necessário choque de plenário, o que equivaleria a afrontar os planos de Alexandre de Moraes para o 8 de janeiro permanente. Os inquéritos xandônicos ainda vão longe; e Flávio Dino já pede passagem para gerir xandonicamente as relevantes investigações sobre corrupção nos usos das emendas parlamentares. Xandão é o vice e será o próximo presidente do STF. Fachin não vai cantar.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *