Quem é o presidente da Conafer, preso pela CPI do INSS?
RIO – Preso pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pelo crime de falso testemunho, Carlos Roberto Ferreira Lopes preside a Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) desde 2011. A entidade está entre as com maior volume de descontos nas mensalidades de aposentados, segundo investigação da Polícia Federal (PF). Lopes foi liberado em menos de 24 horas após pagamento de fiança, na madrugada desta terça-feira, 30.
Mineiro de Governador Valadares (MG), Carlos Lopes, de 46 anos, é formado em Direito pela Universidade Fibra, em Anápolis (GO), e em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília.
Carlos Lopes já atuou como advogado em Itumbiara (GO) ao lado do irmão Alexandre Eduardo Ferreira Lopes, no escritório Lopes Advocacia, do qual é sócio. O irmão do presidente da Conafer foi alvo de mandados de busca e apreensão em uma fazenda em Divinópolis (MG), em maio deste ano.
Segundo a PF, os investigados falsificavam documentos como certidões de nascimento, documentos de identidade e comprovantes de residência para, assim, fraudar o INSS, recebendo benefícios assistenciais pagos a pessoas fictícias, criadas pelos membros do grupo com o uso dos documentos falsos.
Além da atuação na advocacia, Carlos Lopes é dono da empresa de gado Concepto Vet, que atua com serviços de inseminação de animais, venda de gado e consultorias pecuárias, e da empresa Jaguar Produtos Artesanais, um quiosque de artesanato indígena no Aeroporto Internacional de Brasília.
Em março de 2024, Carlos Lopes foi designado como membro titular do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Agropecuário e Agroindustrial do Matopiba, ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, voltado para investimentos nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que formam o acrônimo.
No ano passado, Carlos Lopes recebeu o Título de Cidadania Sergipana da Assembleia Legislativa de Sergipe, “em reconhecimento aos relevantes serviços prestados pela Confederação ao povo sergipano”, e a Comenda de Mérito Ambiental Otavio Brandão da Assembleia Legislativa de Alagoas.
Prisão na CPI
O presidente da Conafer foi chamado para a CPI na condição de testemunha, o que o obriga a dizer a verdade durante a oitiva. A voz de prisão foi dada pelo presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), pelo crime de falso testemunho.
“A CPI advertiu o depoente desde o início de sua obrigação legal de dizer a verdade. Entretanto, durante a sessão, ficou constatado que o depoente omitiu diversas informações deliberadamente, entrou em contradição em várias delas e, ao ser questionado novamente pelo relator e pelos membros da comissão, manteve essas afirmações. Essas contradições configuram mentira deliberada e ocultação de informações com o intuito de prejudicar as investigações dessa comissão”, argumentou Viana.
Uma das omissões apontadas por membros da CPI foi a resposta dada pelo depoente ao relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL). Lopes disse não saber quem era o sócio da Santos Agroindustria Atacadista e Varejista, empresa que recebeu R$ 800 milhões, segundo o relator, da Conafer.
A Conafer é a segunda entidade associativa com mais descontos nas mensalidades dos aposentados. A investigação da Polícia Federal aponta que esses descontos eram ilegais sem autorização dos pensionistas.
Em um intervalo de seis anos, entre 2019 e 2024, a Conafer registrou um crescimento de mais de 790 vezes nos descontos de aposentados e pensionistas do INSS.
