PF vai investigar ameaças a Dino após voto para condenar Bolsonaro; ‘guilhotina’, ‘bala’, ‘moer’
A Polícia Federal vai investigar ameaças nas redes sociais ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao delegado da corporação Fábio Shor, responsável pelo inquérito da trama golpista que levou à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ministro entregou à PF prints de mais de 50 publicações no Instagram, TikTok, X e YouTube. Os usuários defendem “guilhotina”, “bala”, “moer na madeira”, “queimar em público” e explodir a casa dele e de Shor.
Uma das primeiras medidas será notificar plataformas e provedores para que identifiquem os usuários responsáveis pelas publicações.
Os crimes investigados são ameaça, coação no curso do processo, incitação ao crime, crime contra o Estado e a ordem pública e crimes contra a honra.
Foi o próprio Flávio Dino quem solicitou a abertura da investigação. Em ofício à Polícia Federal, o ministro relatou que “graves ameaças contra a sua vida e integridade física” foram espalhadas na internet depois que ele votou para condenar Bolsonaro, no último dia 9.
Ao analisar as publicações, Dino considerou que parece ter ocorrido uma “ação concertada com caráter de incitação”. Isso porque diferentes postagens faziam alusão aos protestos violentos no Nepal, em que políticos e autoridades foram agredidos.
A delegada Verônica Snoeck Salles, da Divisão de Investigações e Operações de Contrainteligência da PF, consultou o ministro Alexandre de Moraes sobre a conexão da nova investigação com o inquérito das milícias digitais, conduzido por ele, e aguarda uma resposta para dar início às apurações.
A Polícia Federal quer saber se as ameaças devem ser investigadas no âmbito do inquérito das milícias digitais. Nesse caso, a delegada sugere a aberta uma petição específica no STF.
No ofício enviado a Moraes, a delegada diz que “a individualização dos alvos confere maior gravidade e reprovabilidade às condutas, porquanto amplia o potencial intimidatório, constrange o exercício regular da função pública e rompe a esfera do debate abstrato para uma concretude persecutória”.
“Portanto, tais comportamentos têm o condão de causar temor real nas vítimas e, consequentemente, obstaculizar o desempenho independente e imparcial de suas funções enquanto agentes públicos”, afirma a PF.