3 de outubro de 2025
Politica

Decisão sobre candidato da direita pode amadurecer na virada do ano

A janela crítica para a escolha do candidato da oposição à Presidência está se aproximando. Ainda é cedo para o ex-presidente Jair Bolsonaro indicar o seu sucessor, mas é possível que essa definição esteja clara antes do fim de janeiro.

Bolsonaro não pode esperar indefinidamente. O calendário eleitoral estabelece abril de 2026 como prazo final para que Tarcísio decida se renuncia ou não ao governo de São Paulo para disputar a Presidência. Na prática, porém, o tempo é ainda mais curto. Líderes paulistas pressionam Bolsonaro a oferecer alguns meses de antecedência para que se organize a sucessão estadual em caso de saída de Tarcísio. Gilberto Kassab já se movimenta como pré-candidato, e outros grupos também pleiteiam a vaga, o que exige negociações delicadas sobre a chapa estadual e seus efeitos na aliança federal.

Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, precisa decidir quem vai apoiar em 2026, já que está inelegível
Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, precisa decidir quem vai apoiar em 2026, já que está inelegível

Dois fatores, porém, explicam por que a decisão não acontece de imediato. O primeiro é o desenrolar do projeto de anistia no Congresso. Embora as chances de aprovação de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” sejam mínimas, a forma como partidos de centro-direita e pré-candidatos como Tarcísio de Freitas se posicionarem sobre o tema — inclusive diante da possibilidade de redução de penas — servirá de termômetro. Trata-se de um teste de lealdade: Bolsonaro quer observar até onde aliados estão dispostos a ir para defendê-lo e qual grau de pragmatismo prevalece no bloco oposicionista. Esse tema deve se arrastar ainda por semanas, diante do impasse entre o PL, o governo e o Centrão sobre o formato do projeto.

O segundo ponto é a avaliação da competitividade de Lula no início da disputa. Se o presidente mantiver força, maior a chance de Bolsonaro considerar a indicação de alguém de fora de sua família, como Tarcísio, que poderia ampliar o alcance da direita para além do bolsonarismo raiz. Em contrapartida, se prevalecer a percepção de fragilidade do governo, cresce a tentação de manter o capital político concentrado em um herdeiro direto, como defende Eduardo Bolsonaro, garantindo controle sobre a narrativa e a estrutura de campanha. Quanto mais tempo tiver para essa avaliação, melhor para o ex-presidente.

A soma desses fatores abre a possibilidade de que a definição do candidato oposicionista ocorra na virada de 2025 para 2026. Trata-se de um ponto de equilíbrio: cedo o bastante para dar previsibilidade às alianças regionais, mas tarde o suficiente para que Bolsonaro avalie a conjuntura nacional e mantenha a pressão sobre seus aliados. Ainda assim, é impossível cravar que a decisão virá nesse prazo.

Caso Tarcísio seja o escolhido, a eleição tende a começar já polarizada, com um embate direto entre lulismo e bolsonarismo, reduzindo o espaço para alternativas de centro. Mas, se Bolsonaro optar por preservar a candidatura dentro da família, a incerteza se prolongará ao longo de 2026, com maior chance de dispersão entre diferentes nomes da direita e a possibilidade de um primeiro turno mais aberto a surpresas.

 

 

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