3 de outubro de 2025
Politica

Propostas eleitorais de Lula ganham tração e as da oposição, como anistia, recuam

A vitória por unanimidade da isenção do Imposto de Renda para até R$ 5.000,00, com gradação para até R$ 7.350,00 e as novas alíquotas para renda acima de R$ 50.000,00 não é apenas por uma questão social, mas resultado dos ataques de Donald Trump ao Brasil, dos absurdos de Eduardo Bolsonaro, do oportunismo imoral e da falta de comando na Câmara, com um efeito que se alastrou pelo País: a irritação da sociedade, com enorme desgaste do Congresso.

O projeto, promessa de Lula em 2022, chegou ao Congresso em abril deste ano, se perdeu no redemoinho da polarização política e chegou a ser cogitado como moeda de troca para a aprovação da anistia a golpistas. No final, tudo isso virou pó. A aprovação na Câmara foi rápida, com votação unânime do PT ao PL e mantendo os pontos centrais do texto original do governo.

Plenário da Câmara aprova projeto de isenção do IR
Plenário da Câmara aprova projeto de isenção do IR

No Senado, não será diferente. A Câmara aprovou a indecente PEC da Blindagem de deputados e senadores por poderosos 330 votos e só agora começa a botar o bonde na direção da opinião pública, mas o Senado saiu na frente e já estava nesses trilhos, derrubou cirurgicamente a PEC e aprovou de surpresa um projeto do IR bastante parecido com o do governo só para mexer com os brios na Câmara. Logo, o ambiente entre os senadores é claramente a favor da aprovação.

Os maiores beneficiários são os milhões de brasileiros e brasileiras que deixarão de pagar, ou pagarão menos IR, mas o principal vencedor político é o presidente Lula, que já vem lucrando com os erros dos adversários e ganhou um discurso poderoso para a campanha de 2026. A bandeira dos pobres contra os ricos colou, deixando o bolsonarismo sem saída.

Dar a vitória a Lula ou votar contra a isenção de imposto para os mais pobres e a classe média baixa, o grande contingente eleitoral do País? Nem Eduardo Bolsonaro, com sua “genialidade política”, conseguiria articular o voto contrário e empurrar os aliados e seguidores do pai Jair para esse precipício eleitoral a um ano das urnas.

A alternativa foi tentar anular a compensação pela perda de arrecadação, mas isso só reforçaria a bandeira lulista de pobres contra ricos e seria um novo tiro no pé. Livrar os 141 mil super ricos de pagar um pouquinho a mais para favorecer os milhões mais pobres sem risco grave para o equilíbrio fiscal?

Os repórteres perguntaram ao líder do PL, Sóstenes Cavalcante, como fechar a conta, sem aumento de alíquota para o topo da pirâmide e ele deu uma resposta desajeitada, desastrada, mais ou menos assim: Sei não, isso é problema do governo. Não, líder, é problema do Brasil.

A discussão nem foi longe, abortada por uma questão objetiva: a norma que proíbe a aprovação de projetos que criem ou aumentem despesas sem apontar a respectiva fonte de receita. Pronto. Esse foi o grande trunfo do relator Arthur Lira, que voltou a emergir em grande estilo, facilitou a vida de Hugo Motta, que patrocinou a maldita PEC da Blindagem, provocou um bom alívio de Fernando Haddad, que anda um tanto sumido. Tudo confluiu para a unanimidade.

O Congresso esticou demais a corda, a corda rompeu, o Senado fez a costura e a Câmara ainda junta os cacos, ou melhor, os fiapos. Num ano dramático, sem votações relevantes, sem olhar para o interesse da sociedade, promovendo auto privilégios e prestigiando pautas indigestas, como anistia a golpistas e blindagem para deputados e senadores, o Congresso faz um mea culpa e age em busca de uma recuperação.

O resultado é o bolsonarismo acuado, o Centrão refazendo seus cálculos e Lula colhendo os louros e os frutos. Suas pautas populares ganharam tração. As antipopulares da oposição, como a anistia, perderam.

 

 

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