3 de outubro de 2025
Politica

Por sobrevivência, interessa às franjas do bolsonarismo que Lula seja eleito em 2026

Eis que, após as sanções do presidente Donald Trump ao Brasil, somadas com o desastre na tramitação da PEC da blindagem, e, finalmente, a aprovação da isenção de Imposto de Renda para a classe-média baixa, o presidente Lula volta a ser o favorito para a reeleição de 2026, de acordo com muitos analistas por aí. Valeu, mais uma vez, o surrado chavão de que política é como as nuvens. Se você olha para o céu, está de uma maneira, se distrai, levanta o rosto novamente, está de outra forma. Há poucas semanas, parecia que a vitória do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era inevitável. Há dúvidas agora se será candidato ao Planalto. A ver as movimentações no firmamento.

Michelle e Eduardo Bolsonaro devem liderar o movimento oposicionista caso Lula consiga se reeleger em 2026
Michelle e Eduardo Bolsonaro devem liderar o movimento oposicionista caso Lula consiga se reeleger em 2026

Havia a esperança de que a direita, em seus diversos matizes, caminhasse unida do presente para o porvir eleitoral. A conta era mais ou menos simples. Durante cerca de duas décadas, o eleitorado “direitista” brasileiro, sem opções viáveis e para evitar o Partido dos Trabalhadores, votou até em “esquerdistas” como José Serra ou mesmo Fernando Henrique Cardoso. Se não houver uma opção radical, escolheriam Tarcísio, que, pelo jeitão menos brusco, atrairia os decisivos votos do centro minoritário.

Mas uma vitória do governador de São Paulo – ou de algum outro candidato – poderia significar também a transição de lideranças na direita brasileira, deixando o bolsonarismo, mesmo com toda sua força, numa espécie de limbo político. Ainda mais com a prisão de Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado. Aí estava o problema.

Nas atuais circunstâncias, para se manter como “ideia”, a melhor solução para o bolsonarismo pode ser uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas próximas eleições. A liderança política desse movimento oposicionista, em busca de ser renovado, ficaria entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o filho 03, Eduardo Bolsonaro, do seu autoexílio americano. Notem que, nos três anos de governo Lula, Jair Bolsonaro nunca saiu dos holofotes. Num eventual governo Tarcísio, poderia haver uma acomodação.

Esse cálculo talvez explique as posições algo suicidas e desagregadoras de Eduardo Bolsonaro. Como dizer, por exemplo, que sem anistia ampla nem mesmo haverá eleições em 2026, entre outras falas de confronto. O movimento precisa se manter dentro do polo do radicalismo, nunca deixar apagar a chama de “vítimas de um sistema injusto que só pensa em se autoproteger”.

Entre a opção de ser cooptado por uma direita menos estridente e se manter como força vocal de milhões de brasileiros, os radicais dentro do bolsonarismo (ou seja, os ultrarradicais) preferiram a segunda opção. Mesmo que tenham de esperar mais alguns anos para voltarem a ter, quem sabe, viabilidade eleitoral. Esta é a aposta.

 

 

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