8 de outubro de 2025
Politica

Defesa diz que general imprimiu apenas uma cópia de plano para assassinar Lula e o descartou

BRASÍLIA — A defesa do general Mário Fernandes, réu no núcleo 2 da trama golpista, apresentou alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que os dados periciais extraídos pela Polícia Federal mostram que o Plano Punhal Verde e Amarelo foi impresso em apenas uma cópia, ao contrário do apontado pela acusação.

ACUSADOS LEGENDA O comandante de Operações Especiais, general de brigada Mário Fernandes, na sede do COpEsp, em Goiânia, durante visita de Bolsonaro em 26 de julho de 2019.FOTÓGRAFO/CRIADOR.Isac Nóbrega/PR
ACUSADOS LEGENDA O comandante de Operações Especiais, general de brigada Mário Fernandes, na sede do COpEsp, em Goiânia, durante visita de Bolsonaro em 26 de julho de 2019.FOTÓGRAFO/CRIADOR.Isac Nóbrega/PR

O plano descrevia a necessidade de armamento pesado para uma ação golpista e a possibilidade de envenenamento do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e a “neutralização” do vice eleito, Geraldo Alckmin, para extinguir a chapa eleita.

Essa informação sobre a impressão em três vias era um dos pontos citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para corroborar a acusação de que o general Mário Fernandes entregou o documento ao então presidente Jair Bolsonaro e ao major Rafael de Oliveira, das Forças Especiais. A defesa diz que se trata de um documento com três páginas, mas com impressão de somente uma cópia.

“O relatório policial assevera, em desacordo com a acusação e o eminente Relator durante o julgamento do Núcleo 1, que em 06/12/2022 foi impressa apenas uma cópia contendo três páginas de um arquivo Plj. Tal constatação corrobora o resultado obtido pela perícia realizada por profissional contratado pela defesa”, diz a petição apresentada pelos advogados Marcus Vinícius Figueiredo, Igor de Araújo Monteiro e Diogo Borges.

Alegações finais da defesa do general Mario Fernandes sobre plano que previa envenenamento de Lula
Alegações finais da defesa do general Mario Fernandes sobre plano que previa envenenamento de Lula

Para a defesa, essa nova informação corrobora as declarações do general em juízo, de que o plano não foi entregue a ninguém e foi impresso apenas para leitura, sendo posteriormente descartado.

“Constata-se que o requerente não adotou esforços para atenuar a gravidade da minuta apreendida, em verdade comprovou que tal minuta – encontrada apenas em HD – não foi apresentada a quaisquer terceiros, ao contrário do que disse a acusação em suas r. alegações finais e cuja repercussão penal será apresentada adiante”, escreveu a defesa.

A defesa cita que, em seu interrogatório, o tenente-coronel Mauro Cid, delator na ação, disse não ter tomado conhecimento do Plano Punhal Verde e Amarelo e afirmou que o general não participou do monitoramento do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Os advogados afirmaram ainda ao STF que a sentença condenatória de Mário Fernandes “aparenta ter sido emitida antecipadamente”, mas ressaltaram que as evidências encontradas não comprovam a apresentação do plano Punhal Verde e Amarelo e nem sua participação no monitoramento dos passos do ministro do STF Alexandre de Moraes. Disseram que o general não participou das discussões de minutas golpistas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o que demonstraria que suas ações não tiveram influência nesse tema.

“Comprovada a inexistência de ingerência, participação, discussão ou apoio por parte do requerente em relação à minuta de golpe, gabinete de crise ou questões correlatas, evidencia-se a ausência de relevância material em sua conduta. Assim, impõe-se a absolvição do requerente com base nas razões apresentadas”, escreveram.

Por último, a defesa afirmou que uma eventual condenação deveria aplicar apenas o delito de incitação ao crime, e não de tentativa de golpe de Estado. Isso porque as mensagens enviadas pelo general poderiam ser interpretadas como uma incitação a atos golpistas, mas sem a vinculação direta dele à execução desses atos.

 

 

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