União Brasil suspende funções de Celso Sabino, mas ministro ganha sobrevida ao não ser expulso
BRASÍLIA – Em uma tensa reunião realizada nesta quarta-feira, 8, a Executiva Nacional do União Brasil decidiu suspender o ministro do Turismo, Celso Sabino, de suas funções partidárias e manter o processo disciplinar contra ele na Comissão de Ética da legenda, sem expulsá-lo sumariamente. Sabino também foi destituído da presidência do União Brasil no Pará, que sofrerá intervenção.
A decisão foi tomada porque Sabino resolveu permanecer no governo Lula, contrariando orientação do comando do partido, que deu um ultimato para que todos os filiados deixassem os cargos. O ministro, porém, ganhou uma sobrevida: não será desfiliado agora nem perderá o mandato de deputado federal, do qual está licenciado. O processo seguirá o rito normal da Comissão de Ética, que pode demorar até 60 dias para uma conclusão.
“É o Dia do Fico”, disse Sabino. “Pelo bem do turismo, dos serviços, pelo bem do povo do Pará, vou permanecer no governo. Fico ao lado do presidente Lula por entender que é a melhor opção para o Brasil”, completou.

Na sua avaliação, o União Brasil agiu de forma “açodada” ao decidir deixar o governo para apoiar outra candidatura ao Palácio do Planalto, em 2026, que não a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A maior parte do Centrão quer que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seja o desafiante de Lula no ano que vem.
Pré-candidato a uma vaga no Senado pelo Pará, Sabino quer aproveitar a realização da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30), em novembro, para obter dividendos eleitorais, ao lado de Lula. “Nós estamos a 30 dias da realização da COP-30, a maior reunião diplomática que existe no planeta. Eu não vejo como oportuno que a gente tenha uma interrupção no trabalho que vem sendo feito”, destacou o ministro do Turismo.
Diante das divergências, a quarta-feira começou com enfrentamentos entre ministros do Centrão e o comando de seus partidos. O titular do Esporte, André Fufuca, também resolveu desobedecer sua sigla, o PP, e continuar à frente da pasta. O ministro foi afastado do comando da legenda.
O União Brasil e o PP são as duas principais legendas do Centrão e formam a federação União Progressista que, no início do mês, anunciou a saída do governo Lula. Até agora, no entanto, todos os indicados pelas duas siglas continuam nos cargos.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), defendia a expulsão sumária de Sabino, mas foi vencido. “É imoral querer ser soldado do Lula e do União Brasil”, afirmou Caiado, que também pretende disputar a cadeira de Lula. “É algo de uma imoralidade ímpar”.
