9 de outubro de 2025
Politica

Eleições 2026: Mesmo com Tarcísio candidato, Republicanos pode liberar apoio a Lula no Nordeste

BRASÍLIA – Diretórios do Republicanos na Região Nordeste negociam com a cúpula do partido para que sejam liberados a apoiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano que vem, mesmo se a sigla lançar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para a disputa pelo Palácio do Planalto.

Segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, essas tratativas vêm sendo conduzidas com a direção do partido usando como argumento a disputa por cadeiras na Câmara dos Deputados.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, é cotado para concorrer à Presidência, mas diz que vai disputar a reeleição
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, é cotado para concorrer à Presidência, mas diz que vai disputar a reeleição

Há receio de diretórios estaduais sofrerem prejuízos eleitorais se políticos tradicionalmente alinhados à base de Lula forem obrigados a engrossar a oposição. O Republicanos tem 45 deputados federais e quatro senadores no Congresso e busca expandir as bancadas, em especial as do Nordeste.

Esse desenho atende aos anseios de Lula e do PT, que não veem chances reais de ter o partido em sua aliança. Contar com o apoio, mesmo que regional, de integrantes da sigla, como o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, é importante para ampliar a capilaridade da campanha petista no interior do País.

Coligações nos Estados também são um obstáculo para que o Republicanos unifique a oposição ao governo. Em Pernambuco, por exemplo, a sigla vai apoiar a candidatura ao governo do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que deve dividir palanque com Lula. O desejo do partido é ter uma das candidaturas ao Senado na aliança liderada pelos socialistas.

Na eleição de 2022, o diretório de Pernambuco foi liberado para apoiar Lula ou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com parte dos integrantes da sigla ficando ao lado do petista. Fontes ligadas ao partido apontam que o cenário deve se repetir, mesmo se o Republicanos encabeçar a chapa com Tarcísio. No último pleito, a sigla ficou ao lado do PL e do PP na chapa bolsonarista derrotada pelo petista.

Segundo deputados do partido que falaram sob reserva ao Estadão/Broadcast, a relação do Republicanos em cada cidade e Estado será “casual” e o partido será obrigado a se “adequar à realidade de cada local”. As alianças no Nordeste, segundo as fontes, são algo consolidado e representarão obstáculo aos planos de uma eventual candidatura de Tarcísio na região, tradicional reduto eleitoral petista.

A permanência de Tarcísio no Republicanos para a eleição do ano que vem ainda é uma incógnita. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já afirmou que, caso o governador de São Paulo participe do pleito presidencial, ele irá para a sigla de Bolsonaro. O governador paulista, por outro lado, nega a intenção de mudar de partido da mesma forma como rejeita a candidatura ao Planalto.

Presença do Republicanos no governo

Políticos ligados ao ministro de Portos e Aeroportos avaliam que, caso Tarcísio oficialize a participação na eleição presidencial do ano que vem, a presença de Silvio Costa Filho à frente do ministério causará desconforto interno no partido, que terá a legenda do principal opositor de Lula integrando a Esplanada.

Eles avaliam, porém, que o Republicanos não deve adotar a mesma conduta da Federação União Progressista, que reúne o PP e o União Brasil. A federação anunciou o desembarque do governo no início de setembro, visando à consolidação de uma chapa de centro-direita para enfrentar Lula em 2026.

No partido, há o sentimento de que o presidente da sigla, o deputado federal Marcos Pereira (SP), não deve exigir a saída de Costa Filho, até porque ele preside o diretório pernambucano da legenda alinhado com Lula e João Campos.

Além do Ministério de Portos e Aeroportos, o Republicanos controla a Diretoria de Governança e Sustentabilidade da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), chefiada por Gil Cutrim, ex-deputado federal próximo a Silvio Costa Filho.

 

 

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