4 de dezembro de 2025
Politica

Divórcio de União e PP com gestão Lula só vai valer quando houver debandada geral

BRASÍLIA – As punições partidárias impostas aos ministros do Turismo, Celso Sabino, e do Esporte, André Fufuca – que decidiram permanecer no governo Lula – não significam, até agora, que o Centrão romperá de vez com o Palácio do Planalto.

Há, sim, uma intenção do grupo de fazer oposição ao governo, de impor cada vez mais derrotas ao Planalto e de construir uma candidatura à Presidência, em 2026. Mas o andar dessa carruagem dependerá do cenário político até lá.

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continuar recuperando popularidade, terá potencial para conquistar mais “pedaços” do Centrão, além das fronteiras do Norte e do Nordeste. Se não, o discurso do grupo que dá as cartas no Congresso já está pronto, embora não seja de uma nota só, como se pode verificar no apoio que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem dado ao governo.

Celso Sabino afirma que União Brasil deve deixar 'questões políticas e eleitorais' de lado
Celso Sabino afirma que União Brasil deve deixar ‘questões políticas e eleitorais’ de lado

Na prática, tanto a cúpula do União Brasil, partido de Sabino, como a do PP, sigla de Fufuca, tentam mostrar força após ficarem desmoralizadas com a decisão dos ministros de não entregar os cargos, apesar do ultimato dado pelas legendas, ainda em setembro.

Desobedientes, Sabino e Fufuca bateram o pé e decidiram continuar ao lado de Lula. Não sem motivo: os dois são pré-candidatos ao Senado e querem o apoio do presidente – que melhorou sua performance nas pesquisas de intenção de voto – na disputa de 2026.

Sabino, além de tudo, enfrenta um problema regional. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também pretende concorrer ao Senado, no ano que vem, e fez um acordo para que a outra vaga seja do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Chicão, também do MDB.

Até agora, a chapa tem o aval de Lula, mas ele também prometeu apoiar Sabino. O titular do Turismo conta com a persuasão presidencial para demover Helder do plano de fazer dobradinha com Chicão.

Para ser competitivo no jogo, Sabino precisa da vitrine do Ministério do Turismo e da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30), a ser realizada em novembro, em Belém.

“A 30 dias da COP-30, é oportuno substituir o ministro?”, questionou Sabino durante reunião da Executiva Nacional do União Brasil, nesta quarta-feira, 8. “Questões políticas e eleitorais devem ser deixadas de lado agora”, emendou.

A cúpula do União aprovou o processo disciplinar aberto contra Sabino e o destituiu da presidência do partido no Pará, mas ganhou tempo ao não expulsá-lo agora. Tem 60 dias de prazo para a decisão final, que cairá justamente em dezembro e ainda pode ser prorrogada. Era a decisão esperada pelo Planalto.

No Maranhão, Fufuca também não abre mão de ter Lula no palanque. Padrinho e amigo do ministro, o presidente do PP, Ciro Nogueira, conduziu, então, uma solução meio-termo: Fufuca foi afastado do comando da legenda no Estado e da vice-presidência nacional do PP.

Enquanto isso, Lula aproveita o racha no Centrão para atrair fatias do grupo e fustigar os adversários. Não há acordo nem mesmo sobre uma candidatura única da direita ao Planalto, mesmo se o nome for o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

É fato que o governo corre risco no Congresso, sim, com a ira do Centrão. Mas enquanto todos os indicados por partidos como o União Brasil e o PP não deixarem os cargos na administração federal, como na Caixa, por exemplo, não dá para dizer que a decisão das cúpulas não é apenas para inglês ver.

 

 

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