11 de outubro de 2025
Politica

Lula embola Justiça, Congresso e 2026 ao preencher a vaga de Barroso no STF

Com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, perdem o Brasil, o Supremo e também o presidente Lula, quando a polarização ainda domina a política e ele parecia navegar de vento em popa, mas a ventania da oposição veio mais rápida e mais forte do que o previsto. A derrubada da MP que aumentaria a arrecadação bateu no bolso, ou melhor, nas contas do governo. Uma derrota e tanto.

O presidente Lula e o ministro Luís Roberto Barroso em evento no STF
O presidente Lula e o ministro Luís Roberto Barroso em evento no STF

Barroso, indicado para o STF por Dilma Rousseff, em 2013, antecipou sua aposentadoria em oito anos e se despediu muito emocionado, deixando um legado de firmeza, convicções, defesa contundente da democracia e, particularmente, de discursos vivos e brilhantes. Ouvi-lo é um aprendizado e um prazer.

Lula tem o desafio de nomear um jurista à altura, “terrivelmente democrático”, técnico, firme e corajoso, para enfrentar até golpistas e presidentes infames de potências alhures. É cedo para certezas, mas quem lidera a lista é o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco, seguido pelo ministro do TCU Bruno Dantas e o atual advogado-geral da União, Jorge Messias.

Messias não é estreante como candidato, mas seu trunfo é também seu obstáculo: é o nome do PT, quando Lula prioriza a ampliação de apoios para além do partido e da própria esquerda. O AGU só será escolhido se prevalecer o mesmo critério que levou Cristiano Zanin à toga: a lealdade inquestionável a Lula.

Pacheco e Dantas têm em comum a proximidade do trio que dá as cartas no STF, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Mas Pacheco tem um plus, o aval do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que é uma mão na roda para Lula no Congresso e, de quebra, do lado amigo do União Brasil, que rompeu com o governo, mas está rachado.

Logo, a escolha do sucessor de Barroso envolve uma ampla frente de pressões, como sempre, e embola ideologia, política, apoio no Congresso e, como tudo agora, a eleição de 2026. Pacheco, inclusive, está nos planos de Lula, seja para o STF, seja para as eleições em Minas.

Para quem vai a nova toga? Lula será cuidadoso na escolha, até porque recuperou popularidade, aproximou-se de Trump, conquistou as bandeiras da soberania e do IR e hoje bate todos adversários nos dois turnos e até fala e se movimenta como candidato único, mas o Centrão tem seu preferido, Tarcísio de Freitas, e, assim como lhe dá vitórias, também impõe derrotas.

Lula, que já estava subindo no salto alto, teve de descer e não vai desprezar o fator 2026 ao preencher a vaga de Barroso. Ao contrário, vai privilegiá-lo e escolher a peça que lhe seja mais conveniente no tabuleiro jurídico, mas principalmente no político e eleitoral.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *