14 de outubro de 2025
Politica

Seja palestino ou israelense, empatia por quem sofre não deveria ser opção ideológica

Hoje foi o dia de assistirmos aos últimos reféns israelenses libertados pelo grupo terrorista Hamas. Por meses, temos visto imagens da destruição de Gaza. Se há algo que a humanidade não conseguiu superar em sua longa trajetória é a existência de grupos étnicos condenados ao martírio. Seja por guerra, fome, condições naturais, a morte violenta e injusta segue presente na nossa história. A solidariedade a esses grupos deveria ser incondicional. Mas, infelizmente, persiste um hábito perverso de minimizarmos sofrimentos que não condizem com as nossas ideologias, o que revelaria que a política atravessa até mesmo a nossa opinião sobre o suplício alheio.

Militantes pró-palestina, com razão, apontavam para os crimes cometidos contra a população de Gaza. A destruição de um local com todo seu rastro de mortes, inclusive crianças. Mas, a partir do momento em que a preocupação omitia (muitas vezes de maneira até inconsciente) os prisioneiros israelenses, havia algo de desequilibrado nas balanças de empatia.

Omri Miran, um refém israelense libertado da Faixa de Gaza, acena com uma bandeira israelense após sair de um helicóptero no Hospital Ichilov, em Tel Aviv, Israel, na segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Omri Miran, um refém israelense libertado da Faixa de Gaza, acena com uma bandeira israelense após sair de um helicóptero no Hospital Ichilov, em Tel Aviv, Israel, na segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Isso vale também para quem se preocupou de verdade com o sofrimento dos reféns israelenses, mas defende tratamento duro para imigrantes ilegais ao redor do mundo. Na maioria absoluta das vezes, não são “traficantes ou estupradores” como já disse o presidente americano Donald Trump. Mas pessoas que largaram tudo o que tinham devido a conflitos como no Sudão, na Etiópia ou na Síria, em busca de uma vida menos penosa em local de cultura desconhecida. Ir embora de casa nunca é uma decisão fácil de se tomar.

No Brasil, figuras públicas que apontaram, com razão, o extermínio ocorrido em Gaza, fecharam os olhos para a nossa vizinhança. Foram milhões que deixaram a Venezuela, às vezes fugindo da fome, enquanto o ditador tinha até tratamento preferencial nos nossos palácios. Também ocorreu no caso da Ucrânia, em que um povo que sofreu uma agressão militar foi acusado de ter provocado a própria guerra, por gente que diz se indignar com a violência contra os palestinos ou mesmo a truculência direcionada aos imigrantes.

Se você é uma dessas pessoas que categoriza o sofrimento humano a partir de sua opção política, na verdade, não se preocupa para valer com ninguém. É apenas refém de uma disputa de poder que deixa um rastro de mortos e angústia em gente de todas as idades, sexos, gêneros, etnias e opções políticas.

 

 

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