16 de outubro de 2025
Politica

Com Pacheco cotado ao STF, ala do PT quer reaproximação com ex-prefeito por palanque para Lula em MG

Com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) cotado para o Supremo Tribunal Federal (STF), uma ala do PT intensificou uma tentativa de reaproximação entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, que se filia ao PDT nesta quarta-feira, 15.

Pacheco é a primeira opção de Lula e do PT para o governo de Minas Gerais. Contudo, a aposentadoria antecipada do ministro do STF, Luís Roberto Barroso, reabriu a discussão sobre o palanque no Estado diante da possibilidade do senador ser indicado para o Supremo.

Nesse contexto, o nome de Kalil voltou a ganhar força entre integrantes do PT como uma alternativa a Pacheco. A costura, porém, não é simples. O ex-prefeito de Belo Horizonte fez uma dobradinha com Lula em 2022, mas a campanha estadual foi marcada por uma série de desgastes e atritos com o partido do presidente.

No fim, o presidente levou vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) no Estado e Kalil foi derrotado no primeiro turno por Romeu Zema (Novo).

Lula e Kalil fizeram dobradinha em Minas Gerais em 2022, mas se distanciaram após a eleição Foto: Ricardo Stuckert
Lula e Kalil fizeram dobradinha em Minas Gerais em 2022, mas se distanciaram após a eleição Foto: Ricardo Stuckert

Depois do pleito, Kalil se distanciou de Lula. O ex-prefeito afirmou recentemente que ele e o presidente nunca conversaram depois da eleição e que não aceitaria reeditar a aliança com o presidente porque a “empreitada não foi boa”. Kalil chegou a recusar um convite para jantar com o presidente em Belo Horizonte no ano passado.

Os entusiastas da articulação reconhecem que há arestas a se aparar de lado a lado, mas consideram haver espaço para uma reconciliação. O primeiro movimento nesse sentido partiu da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), que visitou Kalil há cerca de três meses.

Segundo aliados do ex-prefeito, ele respondeu que pretende fazer uma campanha de centro, o que foi lido como uma resistência em se aliar novamente ao PT.

“Temos dois grandes nomes para o governo de Minas: Rodrigo Pacheco e Alexandre Kalil. Acho que o PT deveria estimular que ambos estejam fortes”, disse Marília ao Estadão.

Uma nova tentativa de reconciliação começará a ser feita nesta quarta-feira. Após o evento de filiação de Kalil, o deputado federal Mário Heringer (PDT) oferecerá um jantar em sua casa em Brasília em homenagem ao novo companheiro de partido. Rodrigo Pacheco foi convidado, assim como quadros do PT e de outros partidos de centro e de esquerda.

“O jantar é em comemoração à filiação do Kalil. Não estamos fechando a porta para ninguém”, afirmou Heringer. “Não houve briga [de Kalil com o PT e o governo]. O que aconteceu foi uma dispersão natural após a eleição, um ‘te abandono, mas a gente se encontra lá na frente’”, acrescentou ele.

Procurado por meio da assessoria de imprensa, Kalil não se manifestou. Além da questão política, o ex-prefeito de Belo Horizonte precisa reverter uma decisão judicial que suspendeu seus direitos políticos e hoje o impede de se candidatar na eleição de 2026.

Ele foi condenado por improbidade administrativa em agosto por ter permitido que um condomínio de luxo na capital mineira instalasse cancelas e barreiras de acesso mesmo após uma decisão judicial em sentido contrário. Kalil recorreu da condenação e aguarda o julgamento do recurso.

Integrantes do PT afirmam que a melhor estratégia no momento é esperar a decisão de Lula sobre a indicação ao STF. “O plano A é o Rodrigo Pacheco. Vamos ver qual será a escolha do presidente. Se for indicá-lo para o Supremo, será uma honra para Minas Gerais”, disse o deputado federal Rogério Correia (PT-MG). “O que não podemos é ficar sem palanque”, acrescentou ele.

Além de Kalil, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), é citado como uma alternativa a Pacheco. Silveira atualmente é pré-candidato ao Senado. Porém, como mostrou o Estadão em dezembro, ele chegou a contratar pesquisas para sondar sua viabilidade ao Executivo mineiro.

À época, Silveira negou a realização dos levantamentos eleitorais, disse que apoia a candidatura de Pacheco ao governo de Minas e que só toparia ser candidato a governador se o pedido partisse do próprio Lula.

 

 

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