Ex-vereador condenado por antissemitismo é nomeado assessor especial de Ricardo Nunes
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), nomeou o ex-vereador e atual suplente Adilson Amadeu para o cargo de assessor especial em seu gabinete. Amadeu foi condenado por antissemitismo em decisão confirmada pela Justiça paulista. A nomeação foi publicada na edição desta quarta-feira, 15, do Diário Oficial do Município.
No início deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) confirmou sua condenação por antissemitismo. A decisão manteve a sentença de primeira instância, proferida em 2023, e foi unânime, sendo cinco votos a zero contra os embargos infringentes e de nulidade apresentados pela defesa. O voto da relatora, desembargadora Maria Cecília Leone, foi acompanhado pelos demais magistrados da 4ª Câmara Criminal.
A reportagem do Estadão entrou em contato com a Prefeitura de São Paulo que informou “que a pena no caso relacionado ao sr. Adilson Amadeu foi prescrita, portanto, não há impedimento para ele ocupar o cargo”. A Prefeitura ainda destacou que Adilson Amadeu atuará na Secretaria Especial de Relações Institucionais e reforçou que, em novembro de 2023, foi criado o Dia de Combate ao Antissemitismo e ao Fascismo.
A reportagem também buscou o ex-vereador, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto. O espaço permanece aberto para manifestação.

A condenação diz respeito a um áudio enviado por Amadeu em 2020, durante a pandemia, por meio do WhatsApp. Segundo a sentença da juíza Renata William Rached Catelli, da 21ª Vara Criminal de São Paulo, o então vereador “proferiu palavras preconceituosas contra judeus e divulgou as mensagens em grupos”.
No áudio, Amadeu xinga membros da comunidade judaica. “É uma puta duma sem-vergonhice que eles querem que quebre todo mundo, pra todo mundo ficar na mão. Do grupo de quem? Infelizmente também os judeus… Eu estou até respondendo um processo, porque quando entra Albert Einstein, grupo Lide, é que tem sem-vergonhice grande, grande, sem-vergonhice de grandeza, de grandeza que eu nunca vi na minha vida”.
Durante o processo, a defesa alegou que o áudio havia sido compartilhado apenas com “amigos de infância” e que o alvo das críticas não era a comunidade judaica, mas a administração pública municipal e estadual no contexto da pandemia.
Na ocasião da condenação, o advogado de Amadeu, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, afirmou que “já estamos preparando os recursos para demonstrar nosso inconformismo com a decisão”.
