24 de outubro de 2025
Politica

Ivo Herzog critica anistia a presos do 8 de janeiro: ‘Pacificação passa por processo de justiça’

Ivo Herzog, presidente do Conselho do Instituto Vladimir Herzog e filho mais velho do jornalista assassinado pela ditadura em 1975, criticou propostas de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Em participação no programa Roda Viva na segunda-feira, 20, ele avaliou que uma pacificação do País “passa por um processo de justiça”.

“A gente tem que pacificar, mas a pacificação passa por um processo de justiça. O País tem que ter justiça”, afirmou. “A anistia significa perdão, né? Sempre entendendo que a gente perdoa quem admite que fez alguma coisa errada. É complicado você falar em perdão de quem nem admite que fez coisa errada”, disse sobre os envolvidos nos atos golpistas.

Ivo Herzog disse que sua percepção sobre solidez da democracia brasileira mudou após trama golpista
Ivo Herzog disse que sua percepção sobre solidez da democracia brasileira mudou após trama golpista

A proposta de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro tramita na Câmara dos Deputados sob regime de urgência e foi designada ao relator Paulinho da Força (Solidariedade). O deputado defende uma redução das penas e apelidou o projeto de “PL da Dosimetria”. Ele ainda não apresentou seu parecer.

Segundo Ivo, a possibilidade de anistia estimula novos atentados à democracia: “Desde que se tornou uma República o Brasil já teve mais de uma dezena de tentativas de golpe ou golpes. O que essas ações têm em comum é a participação dos militares e o perdão, ou seja, esse perdão é um passaporte para eles continuarem tentarem tentando fazer rupturas”.

Ele lembrou a tramitação da ADPF 320, ação que pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revisão da Lei de Anistia de 1979 e está sob relatoria do ministro Dias Toffoli há mais de oito anos. Para Herzog, a demora no julgamento “é uma continuidade dessa cultura de impunidade”. “Continua convidando aqueles que imaginam alguma maluquice de rompimento ou algum assalto contra o Estado que a gente tem hoje”, disse.

A revisão, proposta pelo PSOL, pede que a Lei da Anistia não se aplique a crimes de graves violações de direitos humanos cometidos por agentes públicos civis ou militares. Também defende que não seja aplicada aos autores de crimes continuados ou permanentes, como o desaparecimento.

Questionado sobre se acredita que a democracia brasileira é frágil ou robusta, ele afirmou que a trama golpista mudou sua opinião sobre o tema. “Eu acreditava uma coisa até dois, três anos atrás, mas a gente viu como no 8 de janeiro a gente chegou muito próximo de uma ruptura”, opinou.

 

 

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