26 de outubro de 2025
Politica

Com Boulos na Esplanada, quatro deputados federais mais votados em SP não disputarão reeleição

A ida de Guilherme Boulos (PSOL) para a Secretaria-Geral da Presidência da República consolida um vácuo na próxima eleição para deputado federal em São Paulo. Os quatro candidatos mais votados em 2022 não disputarão a reeleição, deixando na praça pouco mais de 3,3 milhões de votos. Somadas, as votações de Boulos (pouco mais de 1 milhão de votos), Carla Zambelli (946 mil votos), Eduardo Bolsonaro (741 mil votos) e Ricardo Salles (640 mil votos) são suficientes para eleger até 10 parlamentares federais.

A tendência é que o deputado do PSOL não se candidate e fique no ministério até o fim do governo em 2026. No PL, Zambelli está inelegível e presa na Itália, enquanto Eduardo segue auto exilado nos Estados Unidos e almeja disputar o Palácio do Planalto ou o Senado por São Paulo. Salles, que trocou o PL pelo Novo, é pré-candidato a senador ou a governador, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) não dispute a reeleição.

Todos os quatro foram puxadores de votos em 2022, obtendo votação acima do necessário para se eleger e ajudando os respectivos partidos a fazerem mais cadeiras na Câmara dos Deputados. O quociente eleitoral foi de 332.671 – número mínimo de votos necessários para obter uma vaga no Legislativo federal.

Guilherme Boulos (PSOL), Carla Zambelli (PL), Eduardo Bolsonaro (PL) e Ricardo Salles (Novo) foram os deputados federais mais votados em São Paulo
Guilherme Boulos (PSOL), Carla Zambelli (PL), Eduardo Bolsonaro (PL) e Ricardo Salles (Novo) foram os deputados federais mais votados em São Paulo

“Estamos falando de puxadores de votos com possibilidade muito grande de multiplicar bancadas”, afirmou o cientista político Marco Antônio Teixeira, professor da FGV-EAESP. “Tanto a bancada do PSOL quanto a do PL vão ficar desfalcadas desses personagens”, continuou

Para Teixeira, a ausência dos líderes de votação pode resultar em uma maior renovação da bancada paulista e uma dispersão dos votos para candidatos de outros partidos. No caso de Boulos, PT, PCdoB e Rede – esta última federada ao PSOL -, por exemplo. Já os votos do PL poderiam ser herdados, ao menos em parte, por siglas como PP ou Republicanos.

O cientista político Rodrigo Prando, do Mackenzie, avalia que o prejuízo é maior para o PSOL do que para o PL. “O Boulos é uma figura que tem muita expressão e trabalha muito bem as redes sociais. O PL tem outros nomes que podem se credenciar. São figuras que têm uma boa visibilidade nas redes sociais e que ganharam musculatura política e eleitoral a partir do bolsonarismo”, disse.

Os psolistas apostam na deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) para substituir Boulos como principal puxadora de votos. Ela teve 256 mil votos no último pleito, cerca de um quarto do deputado. A expectativa é que o engajamento em pautas como o fim da escala 6×1 impulsione a votação em 2026. Outro nome que deve ganhar projeção é o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL), líder do partido na Assembleia Legislativa paulista.

Boulos disse na quarta-feira, 22, em entrevista à Globonews, que Lula não pediu para que não seja candidato na eleição de 2026 e que o presidente chegou a discutir cenários em que o agora ministro seja candidato ao Senado.

“É uma questão de razoabilidade. Eu entrar no governo agora em outubro para sair em abril, que é o prazo para desincompatibilizar para ser candidato, que trabalho você consegue fazer com começo, meio e fim?”, afirmou, explicando o motivo pelo qual não deve disputar o pleito.

“Nós temos a deputada Erika Hilton, que cresceu bastante e vai ter uma votação expressiva. Tem outros nomes que nós vamos lançar do movimento social, que também vão herdar parte desses votos. Mas lógico, tem votos que você não transfere, que é difícil”, acrescentou ele.

Além de Boulos, outra baixa para o PSOL será a ministra Marina Silva. Eleita deputada pela Rede Sustentabilidade com 237 mil votos, ela pode se filiar ao PSB para se candidatar ao Senado. PSOL e Rede formam uma federação, o que na prática significa que os votos dos candidatos dos dois partidos são somados na hora de calcular quantas cadeiras de deputado federal eles conseguiram.

No bolsonarismo, a previsão é que os vereadores de São Paulo Zoe Martínez (PL) e Lucas Pavanato (PL) consigam uma votação expressiva. Outra carta na manga é Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O partido acredita que o sobrenome impulsionará Renato, que foi derrotado nas cinco eleições municipais em que se candidatou para prefeito ou vereador no interior do estado.

Outra baixa no PL para a eleição de 2026 é o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (239 mil votos). Ele foi para o PP, onde é pré-candidato a senador com o apoio de Tarcísio de Freitas.

 

 

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