26 de outubro de 2025
Politica

Corinthinha, VH, Ju Machado, Messi, Português; veja quem o PCC escalou para matar Lincoln Gakiya

Os promotores do Gaeco – braço do Ministério Público que combate o crime organizado – identificaram a célula que o PCC escalou para a missão sensível de manter sob espreita diariamente seu alvo maior, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, e também o diretor de presídios da região Oeste de São Paulo, Roberto Medina. Nessas prisões estão confinadas, sob rígido regime disciplinar, as principais lideranças do crime organizado.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, jurado de morte pelo PCC
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, jurado de morte pelo PCC

É um elenco de 16 investigados, entre eles bandidos apontados como de alta periculosidade alcunhados Corinthinha, VH, Ju Machado, Messi, Daiane, Português e outros, cada qual com sua função no esquema planejado para tirar de cena quem atravessa o caminho da poderosa facção.

“O inquérito policial apura a existência de células criminosas locais, compostas por integrantes da organização criminosa autodenominada Primeiro Comando da Capital (PCC), as quais foram incumbidas por essa facção de realizarem levantamentos da rotina de autoridades públicas locais, atuantes na região, com o claro intento criminoso de atentar contra suas vidas”, destaca o juiz Adriano Camargo Patussi, da Vara Regional das Garantias de Presidente Prudente.

Patussi autorizou a Operação Recon nas ruas nesta sexta, 24, para buscas nos endereços dos suspeitos e quebra do sigilo telefônico e de e-mails – busca virtual – referentes aos terminais e contas eventualmente utilizadas pelos suspeitos.

A investigação já havia identificado Victor Hugo da Silva, o VH, Welisson Rodrigo Bispo de Almeida, o Corinthinha, e Sérgio Garcia da Silva, o Messi, como integrantes da célula incumbida pela cúpula do PCC de pôr em curso o plano para espionar e eliminar Lincoln Gakiya e Medina.

Restava a identificação de Ju Machado – Adilson Audinir Oliveira Júnior -, interlocutor de Sérgio Messi, e a confirmação cabal de que Corinthinha era de fato o destinatário direto das mensagens remetidas por VH e quem encomendou o levantamento sobre os movimentos do promotor e do diretor de presídios.

Ju Machado, segundo relatório da Polícia Civil, é a pessoa com quem Messi tratou de assuntos relacionados a uma eventual lista de alvos contendo integrantes do BAEP (Batalhão de Ações Táticas da Polícia Militar), ‘cujo contexto apontava para tratativas relacionadas a levantamentos de rotinas de pessoas, sendo que ambos, inclusive, diziam temer serem mortos caso aquilo viesse à tona’.

A Polícia informou a Secretaria de Administração Penitenciária acerca da interceptação de uma correspondência escrita por Messi, destinada a Ericka Marques dos Santos.

A correspondência chamou a atenção dos investigadores ‘à medida que trazia elementos que poderiam levar à identificação de Ju Machado, citado expressamente por Messi’.

A análise detalhada do conteúdo da carta acabou levando à identificação de Ju Machado que, depois, foi também identificado a partir das informações obtidas com o afastamento dos sigilos telemáticos.

O conteúdo do celular de Corinthinha, apreendido com ele quando de sua prisão em flagrante, foi extraído e analisado ‘comprovando-se que era ele o destinatário das mensagens de levantamento enviadas por VH’.

O rastreamento da Polícia na Operação Recon avançou ainda mais a partir da leitura de informações armazenadas nos celulares de VH e Corinthinha.

Os agentes descobriram que o plano do PCC ia ‘além da pessoa de Roberto Medina, mas abrangeu em detalhes, e de maneira bastante preocupante, a rotina de sua companheira, a senhora Jacqueline’.

O juiz Adriano Patussi assinala que no celular de Messi foram encontrados indícios ‘com bastante clareza e segurança, que ele também realizou trabalhos de levantamento de autoridades, sendo importante integrante do PCC local’.

Do aparelho apreendido com Messi foram colhidos dados, inclusive áudios, que mostram o suspeito negociando fuzis, além de coletar prints de mapas de georreferenciamento ‘indicando localizações precisas em Presidente Prudente, inclusive, da sede do Ministério Público local’.

“Com o aprofundamento da análise da conduta de Messi, novas pessoas de seu entorno foram também identificadas, sendo agora indicadas como suspeitas de lhe darem guarida”, anota o juiz.

Medina é um antigo alvo do PCC, que também tem entre seus desafetos o promotor Lincoln Gakiya, jurado de morte pela facção. Ambos já tiveram seus nomes envolvidos em outros planos da facção para criar ‘cadáveres excelentes’, ou seja, vítimas notórias do crime organizado, como o ex-delegado-geral de Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes.

A investigação detectou Victor Hugo da Silva, o ‘VH’, Welisson Rodrigo Bispo de Almeida, o ‘Corinthinha’, e Sergio Garcia da Silva, vulgo ‘Messi’, como integrantes desse grupo criminoso. Eles teriam ainda uma lista de alvos de integrantes do BAEP.

Segundo o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público de São Paulo (Gaeco), “os criminosos já haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários de autoridades, num plano meticuloso e audacioso que demonstrava o grau de periculosidade e ousadia da organização”.

Ainda segundo os promotores, ‘a célula operava sob rígido esquema de compartimentação, no qual cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama’.

Para o Gaeco, a ação integrada entre as polícias e o Ministério Público permitiu ‘detectar e neutralizar o plano antes que fosse executado, impedindo que o crime organizado alcançasse seu objetivo’.

 

 

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