25 de outubro de 2025
Politica

O fantasma de Dilma e a armadilha de Lula na Indonésia

Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “se empolga”, o resultado é sempre o mesmo: ele faz declarações que revelam o ranço de algumas pautas da esquerda rejeitadas pela maioria da população, e o jeito é acionar o marqueteiro para tentar conter os danos político-eleitorais.

Foi o que ocorreu nesta sexta-feira, 24. Claramente animado com as pesquisas mais recentes – apontando que ele venceria todos da direita em 2026, Lula esticou a corda do embate com o presidente dos Estados Unidos,Donald Trump. Mas, ao criticar a política americana de combater com Forças Armadas cartéis do narcotráfico na América Latina, o petista afirmou que “traficantes são vítimas dos usuários”.

Com uma só declaração Lula conseguiu: munir a oposição que foi às redes afirmar que o presidente e o PT protegem bandidos; desagradar parte da base aliada mais próxima do centro; e gerar risco de um mal estar internacional.

Não haveria cenário pior para Lula fazer tal afirmação. Há exatos dez anos, aquele país e o Brasil, à época sob a batuta da então presidente Dilma Rousseff, passaram por uma crise diplomática que durou nove meses. O motivo estava justamente ligado ao combate ao narcotráfico.

Sem entrar na discussão sobre ser contra ou a favor da pena de morte, fato é que Dilma se recusou a aceitar a soberania da Indonésia, onde a legislação prevê a execução para traficantes.

Na ocasião, dois brasileiros foram condenados por tráfico de drogas no país. Marco Archer foi morto em janeiro e Ricardo Gularte, em abril.

Dilma pedira clemência. Como o governo indonésio rejeitou os apelos, ela chamou o embaixador brasileiro e ainda se recusou a receber as credenciais do embaixador daquele país, Toto Riyanto.

Nesta sexta-feira, 24, não houve crise diplomática. Logo, não coube ao Itamaraty frear os danos da declaração de Lula. A missão ficou novamente com o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira, que precisou correr para contornar a repercussão da fala.

O marqueteiro tratou a declaração de Lula como uma frase mal colocada e defendeu as ações do governo em combate ao tráfico de drogas. “Quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado. Mais importante do que as palavras são as ações que o meu governo vem realizando”, diz trecho da mensagem publicada imediatamente no perfil oficial do presidente Lula.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao chegar em evento da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Jacarta
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao chegar em evento da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Jacarta

 

 

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