PSDB põe Ciro como ‘grife’ no Ceará, mas sem recursos, e focará 80% das verbas para eleger deputados
O PSDB filiou o ex-governador Ciro Gomes como uma “grife” para tentar reconquistar o comando do Ceará. Mas os recursos para sua eventual candidatura ao Palácio da Abolição serão escassos. O partido pretende destinar entre 70% e 80% de seu fundo eleitoral para eleger deputados.
O foco da sigla na eleição proporcional não é por acaso. Quanto maior a bancada eleita na Câmara, mais os partidos recebem de fundo eleitoral na eleição seguinte. Hoje, a legenda tem 15 deputados, mas em seus tempos áureos chegou a estar entre as três maiores bancadas da Casa.
“A nossa estratégia é comprometer 70% ou 80% do fundo com candidaturas proporcionais, especialmente de deputado federal“, disse o presidente do PSDB, Marconi Perillo, em entrevista à Coluna do Estadão. O objetivo em 2026, segundo ele, é chegar a 30 deputados federais. “Temos um fundo eleitoral pequeno. Estamos sendo muito parcimoniosos na distribuição desses recursos de acordo com a força das nominatas.”
“Depois de sofrer baixas, de quase desaparecer, trabalhamos para voltar ao protagonismo, com os pés no chão, com um foco claro: dobrar a bancada de deputados federais, fazer três senadores, para a gente ter liderança no Senado, e disputar alguns governos estaduais”, emendou.
Cenário nacional
A legenda, de acordo com Perillo, tende a apoiar para a Presidência no ano que vem um candidato de centro que faça oposição ao governo Lula. “Não se trata de coisa pessoal, mas é uma questão política, eleitoral, e de coerência. O PSDB disputou oito eleições contra o lulopetismo.”
Apesar de a tendência ser apoiar um nome oposicionista em 2026, o partido deixa a porta aberta para eventual candidatura nacional própria, mas também sem dinheiro.
“A direita não tem uma candidatura posta, é uma confusão. Quando alguém traz uma candidatura, algum filho do Bolsonaro desmente, sobretudo o Eduardo, então o cenário está muito aberto”, criticou.
Perillo também não descarta eventualmente lançar Ciro Gomes à Presidência, mas afirma que esse assunto não foi tratado com o ex-governador. “Seria desconhecer os fatos se não falássemos da importância que o Ciro tem nacionalmente”, disse.
Para a eleição presidencial, contudo, também não haveria muitos recursos. “Se isso acontecer, vamos ter que jogar muito claro e limpo com quem for candidato. Vai ter que ir atrás de apoios previstos em lei, como doação de pessoa física”, avisou.

