3 de novembro de 2025
Politica

Boulos é saudado por militantes como sucessor de Lula, com refrão usado em campanhas do petista

BRASÍLIA – A operação das polícias civis e militares contra o Comando Vermelho, no Rio, marcou a cerimônia de posse de Guilherme Boulos na Secretaria-Geral da Presidência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nada falou para não tirar o protagonismo de Boulos.

O novo ministro, porém, não apenas pediu um minuto de silêncio por “policiais, moradores” e todas as vítimas do confronto, que deixou ao menos 119 mortos, como também disse que “a cabeça do crime organizado está na lavagem de dinheiro na Faria Lima”, e não “em um barraco de favela”.

O discurso de Boulos agradou aos movimentos sociais presentes ao Salão Nobre do Palácio do Planalto, onde ele foi saudado pela plateia, nesta quarta-feira, como sucessor de Lula. A cerimônia contou com gritos de guerra sempre entoados nas campanhas do petista. “Olê, Olê, olê, olá, Boulos, Lula”, cantavam os militantes.

Boulos exibe termo de posse ao lado de Lula
Boulos exibe termo de posse ao lado de Lula

Foi a posse de ministro mais concorrida dos últimos tempos. O Salão Nobre ficou lotado: as cadeiras foram ocupadas não apenas por ministros, governadores, senadores e deputados como por militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que no passado foi coordenado por Boulos.

O padre Júlio Lancellotti, conhecido pelo trabalho para ajudar pessoas em situação de rua, e a ex-ministra Marta Suplicy, que concorreu como vice de Boulos na eleição do ano passado à Prefeitura de São Paulo, também estavam na plateia. Militantes de movimentos sociais vestiam camisetas que traziam a inscrição “Revolução Solidária”.

Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro – condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe –, Boulos disse que, a partir de agora, vai conversar com muita gente, menos com quem “ataca a democracia e trai o Brasil”. “A eles só temos duas coisas a dizer: ‘O Brasil é dos brasileiros e sem anistia’”, afirmou, em tom de voz mais elevado.

Era a deixa para que a plateia puxasse o coro “Sem anistia, sem anistia”. Entregadores e motoristas de aplicativo aplaudiram Boulos quando ele mencionou a importância de dialogar com esses segmentos e também com pequenos empreendedores.

O novo ministro, que substituiu Márcio Macêdo, mostrou ali como pretende dar uma guinada à esquerda no governo. Chamou a jornada de trabalho 6 por 1 de “vergonhosa” e avisou que nenhum ataque ficará sem resposta.

“Se eles são contra o sistema, por que não apoiam a nossa proposta de taxar bilionários e bets?”, provocou Boulos, numa referência aos aliados de Bolsonaro. “Por que não vêm com a gente contra a escala 6 por 1?”

Os militantes capricharam no novo mote: “Guilherme Boulos, venha pra cá, no ministério você vai arrasar”. O ministro do PSOL não escondeu a satisfação. “Nós já amassamos muito barro, já comemos muito quilo de sal juntos”, contou ele.

 

 

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