Boulos acena a empresários, mas também afaga a base: ‘Faria Lima tem discurso do FMI dos anos 90′
O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, foi homenageado nesta segunda-feira, 3, por empresários em jantar promovido pela Esfera Brasil. Em seu discurso, acenou ao setor produtivo ao fazer duras críticas à taxa de juros no Brasil, uma das principais queixas do segmento. No entanto, para não se distanciar de sua base social, Boulos escolheu seu alvo: a Faria Lima.
“O risco-país do México é três vezes o nosso. E o nosso juro é cinco vezes o deles. Como se justifica isso? Então, é preciso começar a pensar o que o mundo está pensando. Porque, às vezes, até o FMI já fala que o caminho não é austeridade. E a Faria Lima está com o discurso do FMI dos anos 90″, declarou Boulos à plateia de empresários, em referência a políticas de ajuste fiscal e abertura de mercado defendidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para países da América Latina na década de 1990, como contrapartida a empréstimos.
O foco de Boulos na política monetária não foi à toa: há uma rixa entre setor produtivo e mercado financeiro porque muitos empresários avaliam que a Faria Lima faz especulação com os juros. A taxa nas alturas, por sua vez, torna mais caro o investimento para expandir a produção.
“Eu sei que aqui tem gente do setor financeiro, mas o Brasil não pode ser uma plataforma de aplicação especulativa de curto prazo, com juros de 15% ao ano”, disse Boulos. “Não é possível que uma cegueira ideológica de determinados setores impeça e obstrua o desenvolvimento nacional. O que um país ganha com 15% de juros ao ano? É impossível ter indústria nacional desse jeito.”
Estiveram presentes na homenagem a Boulos os ministros da Defesa, José Múcio Monteiro, da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, e da Gestão e Inovação, Esther Dweck; o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues; o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas; e os deputados Rui Falcão (PT-SP), Carlos Zarattini (PT-SP), Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Mauro Benevides Filho (PDT-CE).

 
