4 de novembro de 2025
Politica

Fraude no INSS: alvo da PF financiou 14 carros de luxo e movimentou R$ 175 milhões, diz Coaf

O empresário Fernando Cavalcanti, investigado pela Polícia Federal (PF) por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), movimentou R$ 175 milhões em dois anos e meio, incluindo o financiamento de 14 carros de luxo. O montante aponta indícios de transferências incompatíveis com seu patrimônio e suspeitas de sonegação fiscal. As informações constam de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPI do INSS e obtido pela Coluna do Estadão.

Procurado, Fernando Cavalcanti não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações. Em outubro, ele negou irregularidades em depoimento à CPI. “Nunca fui laranja, operador ou beneficiário de qualquer esquema. Minha atuação sempre foi de gestor, e os pagamentos por mim recebidos eram compatíveis com todas as funções que eu desempenhava com a minha vida empresarial”.

Até maio passado, Cavalcanti era sócio e vice-presidente do escritório de advocacia Nelson Willians, outro alvo da CPI do INSS. Em setembro, o empresário teve bens apreendidos pela Polícia Federal (PF) – entre eles, uma réplica de carro de Fórmula 1 e relógios que chegam a R$ 1,3 milhão.

Polícia Federal apreendeu carros de luxo na casa do empresário Fernando Cavalcanti, durante operação que apura fraudes no INSS
Polícia Federal apreendeu carros de luxo na casa do empresário Fernando Cavalcanti, durante operação que apura fraudes no INSS

Empresário financiou 14 carros de luxo em 5 meses

Segundo o órgão de combate à lavagem de dinheiro, Cavalcanti financiou ao menos 14 carros de luxo, com valor de mercado acima de R$ 200 mil, o que alertou o Coaf. Em junho e em julho de 2024, financiou seis desses automóveis.

O relatório alertou para “operações que, por sua habitualidade, valor e forma, configurem artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais”. Esse trecho foi citado em relação a transferências bancárias em sete contas de Cavalcanti.

Outra atividade suspeita apontada pelo Coaf foi o curto tempo que quantias recebidas de dinheiro ficavam na conta, com o “imediato débito dos valores” sem justificativa.

Cavalcanti movimentou R$ 79 milhões em um ano

Ao longo de um ano, o empresário alvo da CPI movimentou R$ 79,7 milhões em uma conta bancária, de acordo com o Coaf. “Suspeita-se de movimentação de recursos de terceiros para fins de sonegação fiscal”, afirmou o documento. Ainda sobre essa conta, o órgão ressaltou: “Movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”.

Empresário Fernando Cavalcanti durante depoimento à CPI do INSS
Empresário Fernando Cavalcanti durante depoimento à CPI do INSS

Alvo da CPI presenteou governador com Fusca de R$ 70 mil

Em abril passado, quando Cavalcanti era sócio e vice-presidente do escritório Nelson Willians, presenteou com um Fusca de R$ 70 mil o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Como mostrou a Coluna, na época o escritório de advocacia já era contratado pelo BRB, banco estatal.

“Ibaneis é um amigo, um excelente gestor, uma pessoa que tem minha total deferência e respeito. Eu tenho muita tranquilidade e muito prazer em ter dado esse fusca para ele”, disse o empresário em depoimento à CPI do INSS.

Na última sexta-feira, 31, o deputado distrital Gabriel Magno (PT) pediu que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investigue a doação.

Governador do DF, Ibaneis Rocha, ganhou Fusca de R$ 70 mil do empresário Fernando Cavalcanti, que foi alvo da PF
Governador do DF, Ibaneis Rocha, ganhou Fusca de R$ 70 mil do empresário Fernando Cavalcanti, que foi alvo da PF

 

 

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