Centrão vê Lula ‘encurralado’ com ausência do governo e do PT em anúncio de federação
O anúncio da federação União-PP, na visão de membros do Centrão, mostrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “encurralado” a um ano e meio das eleições de 2026. A aliança entre os dois partidos, que deve abocanhar a maior fatia dos fundos eleitoral e partidário, tende a apoiar o candidato da oposição ano que vem. Mesmo assim, caciques da direita ouvidos pela Coluna do Estadão disseram ter estranhado que nenhum representante do governo marcou presença no lançamento da União Progressista.
Para um integrante do PP, os petistas “desaprenderam a fazer política” e agora “em vez de tentarem uma aproximação, só fazem bico”. As críticas foram direcionadas, principalmente, à ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Procurado, Guimarães afirmou que não foi convidado para o evento de anúncio da federação, que ocorreu terça-feira, 29, na Câmara. Gleisi não respondeu. Quem não deixou de comparecer foi Valdemar Costa Neto, que comanda o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Integrantes do Centrão fizeram até piada com a situação. Disseram que os ministros Celso Sabino (Turismo), do União, e André Fufuca (Esporte), do PP, ficaram se escondendo nas fotos do lançamento da federação, de tão “anti governo” que estava o clima.
A aliança entre os partidos de direita, que mostrou o isolamento do presidente, ocorreu em uma semana em que o petista acumulou uma série de reveses: além de o governo ter ficado na fogueira com a crise do INSS, Lula decidiu não ir hoje a atos do Dia do Trabalho pelo temor de esvaziamento.
Federação se arrastava havia quase três anos
A federação começou a ser articulada ainda em 2022, logo após a vitória Lula nas eleições presidenciais, justamente como um contraponto à ascensão do petista ao Palácio do Planalto. Juntas, as duas legendas terão a maior bancada da Câmara, com 107 deputados, e a terceira maior do Senado, com 13 parlamentares.
As siglas que formam uma federação, de acordo com a legislação eleitoral, precisam atuar juntas nas eleições e no Congresso por pelo menos quatro anos, com candidatos únicos a cargos majoritários, como presidente, governador e prefeito.
