12 de novembro de 2025
Politica

Dino adverte advogados de coronéis da trama golpista e cobra respeito ao STF

O ministro Flávio Dino, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), passou um “sermão” nos advogados dos réus do “núcleo de ações coercitivas” da trama golpista nesta quarta-feira, 12, e cobrou respeito e “lealdade” à Corte.

“O tribunal tem sido, ao longo desses mais de 100 anos de República, extremamente leal com a advocacia brasileira e, portanto, nós reivindicamos idêntico tratamento”, pediu Dino.

“O tribunal, assim como faz em relação às partes, é destinatário também, como um dever legal, de respeito”, complementou o presidente da Primeira Turma.

O ministro invocou o “exercício do poder de polícia” do cargo, fez uma advertência aos advogados sobre a necessidade de “observância das formas legais” e regras de conduta e avisou que pode tomar “providências em outro momento”.

Flávio Dino repreendeu advogados em discurso na Primeira Turma do STF.
Flávio Dino repreendeu advogados em discurso na Primeira Turma do STF.

Dino também afirmou que a tribuna da Primeira Turma “não é uma tribuna parlamentar nem uma tribuna do tribunal do júri” e pediu que os advogados sigam aos ritos e formalidades da Justiça.

“Quem atua nesta tribuna não pode perder a dimensão da importância do respeito aos deveres legais inscritos no Código de Processo Civil, no Código de Processo Penal e no Código de Ética da advocacia brasileira, instituído pela OAB”, alertou Dino.

“Uma das razões da deterioração da política no nosso País foi quando se perdeu a noção dos ritos”, comparou o ministro.

O presidente da Primeira Turma afirmou que os advogados precisam se comportar com “lhaneza, urbanidade e serenidade” em relação ao STF, dentro e fora do tribunal.

“Evidentemente, nós não esperamos que quem exerce uma função jurídica tenha uma conduta desta tribuna e outra fora dela”, alertou o ministro.

A intervenção do ministro foi feita após a sustentação oral do advogado Jeffrey Chiquini, que representa o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, acusado de ser o agente de codinome “Brasil” na Operação Copa 2022 – um dos planos para matar o ministro Alexandre de Moraes.

O criminalista fez um discurso acalorado. Criticou o delegado Fábio Shor, que conduziu a investigação da trama golpista, a quem chamou de “irresponsável”. O inquérito foi classificado pelo advogado como um “castelinho de areia” e “a pior investigação que eu já vi em toda a minha vida”.

Em outro momento, Chiquini rivalizou com o subprocurador-geral da República, Paulo Vasconcelos Jacobina, que estava calado na sessão. “Não sei o que é engraçado enquanto eu falo. Peço vênia ao procurador, rindo enquanto eu falo. Não sei o que tem de graça na minha fala.”

O advogado chegou a pedir a suspensão do julgamento para que o STF notificasse a Polícia Federal para produzir um laudo da perícia no celular de Rodrigo Azevedo, apreendido na investigação.

Em sua advertência, Dino mandou um recado ao advogado: “Obviamente, o tribunal saberá, como é da sua tradição, inclusive destes julgadores que aqui estão, aquilatar com seriedade o acervo probatório ofertado pelas partes. Nós sabemos bem o nosso papel e temos feito e faremos sempre com muita serenidade, com muita prudência, muito equilíbrio, como compete ao órgão julgador.”

 

 

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