‘Decisão desfundamentada’, reage defesa de ‘lobista dos tribunais’
A defesa de Andreson Gonçalves, apontado como ‘mestre dos magos’ de um suposto esquema de venda de sentenças que se espalhou por Tribunais de Justiça estaduais e chegou a gabinetes do Superior Tribunal de Justiça, reagiu com indignação à ordem do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, que decretou a prisão do lobista em regime fechado.
“O cara passa 8 meses na cadeia, perde 25 quilos, tem diagnóstico médico de neuropatia diabética, confirmada pelo IML! Esqueceram o laudo do IML e seu diagnóstico com base em exames de imagem e outros, para validar 50 minutos de dois policiais médicos na casa dele”, protesta Pacelli.
Nesta quarta, 12, agentes da Polícia Federal cumpriram o novo mandado de prisão contra Andreson.
O lobista estava em regime de prisão domiciliar em Primavera do Leste, no interior de Mato Grosso, desde julho. Agora, por ordem de Zanin, ele segue para um presídio em Cuiabá.
O advogado Eugênio Pacelli, um dos integrantes da defesa de Anderson, afirmou que a decisão é “tão surpreendente quanto desfundamentada”.
A defesa de Andreson também é conduzida pelos advogados Luis Henrique Prata e Francisco Eslei.
Zanin havia autorizado a prisão domiciliar de Andreson após parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, que recomendou a saída do lobista da prisão federal em Brasília por motivos de saúde.
Andreson apresentava, na ocasião, aparência debilitada, com fisionomia esquelética, após um semestre na cadeia.
Apontado nos autos da Operação Sisamnes como o ‘mestre dos magos’ das decisões judiciais, ele teria perdido mais de 30 kg na reclusão.
Em outubro, a PF cumpriu ordem de busca e apreensão na casa do lobista. A mulher de Andreson, Mirian Ribeiro, também é investigada no âmbito da Operação Sisamnes.
O lobista é o principal alvo da investigação, que tem como objetivo investigar crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.
A apuração envolve a suposta venda de decisões não só no STJ como em outros tribunais, sobretudo no Tribunal de Justiça do Mato Grosso.
A investigação também apura negociações de vazamento de informações sigilosas da Operação Faroeste, que atingiu, em 2019, magistrados do Tribunal de Justiça da Bahia. Servidores do STJ são investigados, incluindo chefes de gabinetes. Os ministros não são alvo da apuração.
